Amazônia, fronteiras e identidades
Reconfigurações coloniais e pós-coloniais (Guianas - séculos xviii-xix)*1
Em meados de 1827, em diligência, o sargento Eugênio José Barbosa capturou « dois pretos » de proprietários franceses « que haviam fugido de Caiena e que tendo atravessado o mato vieram sair nas margens do Rio Jary em distância de três dias de viagem » da vila de Macapá. Em agosto, ainda no referido ano, foi a vez da prisão dos escravos José Maria e José Antônio. Seus proprietários eram da Província do Maranhão. Tinham sido « aprisionados por uma Escuna Francesa, na altura de Tuculumim [sic], indo do Pará para o Maranhão e conduzidos a Caiena ». Investigações junto a estes fugidos foram reveladoras. Estes dois cativos brasileiros foram inicialmente presos por franceses na costa e levados para Caiena. Ali acabaram escravizados. Posteriormente fugiram, atravessaram toda a região de fronteira e foram capturados próximos a Macapá. Na rota de suas fugas de Caiena, encontraram « povoação de gentios » e receberam ajuda através de uma canoa. Revelaram ainda que entre os « gentios » havia um « principal » e que estes eram « portugueses ». Apesar de declararem que andaram « errantes no mato » sabiam bem onde pisavam. Identificaram rios e margens, assim como aquilo que consideravam « território dos franceses ». Tais revelações indicam também o roteiro de preocupação das autoridades, então brasileiras. Tentavam descobrir a localização de « povoações » - quiçá mocambos e/ou aldeias - nas fronteiras, assim como a movimentação de tropas francesas em Caiena. As fronteiras continuavam oferecendo perigo36.
http://www.lusotopie.sciencespobordeaux.fr/queriroz-gomes.rtf.
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