Já em 1503, porém, os franceses haviam aportado no sul do futuro Brasil, estabelecendo contato comercial com os carijós.
De fato, até 1548, o litoral do território que viria a constituir o Brasil fora mais visitado por bretões e normandos do que por portugueses. Piratas de Rouen, Dieppe e Saint-Malo supriam a demanda de corante vermelho da indústria têxtil francesa com o pau-brasil retirado com o auxílio dos índios tamoios, potiguaras e kaetés, além dos carijós. Seu contato amistoso com os nativos propiciaria as sucessivas tentativas de tomada de posse da terra, com a formação da França Antártica (1510-1575), na Ilha de Serigipe, na Baía de Guanabara, em frente à atual cidade do Rio de Janeiro, e França Equinocial (1594-1615), na Ilha de São Luís, no Maranhão. Entre os colonizadores, estavam católicos e huguenotes, aos quais fora oferecida a liberdade religiosa. O território que se estende entre os atuais estados do Rio Grande do Norte e Santa Catarina16, ou seja, praticamente todo o litoral da América Portuguesa, encontrava-se em mãos estrangeiras (não portuguesas). Foi a primeira tentativa de estabelecimento de uma colônia francesa que levou D. João III a iniciar a colonização de suas possessões na América, enviando Martim Afonso de Souza. Não haveria, pois, mais razões para continuar procurando Hy Brasil. Em 1624, a ilha da bem-aventurança17 já se encontrava ocupada por exploradores, catequistas e escravos: donatários das capitanias hereditárias, governos gerais, bandeirantes (1600-1630), piratas franceses, normandos, bretões, ingleses e holandeses, aventureiros alemães, religiosos franciscanos (desde 1500), jesuítas (desde 1549), carmelitas (desde 1580), beneditinos (desde 1581), capuchinhos (desde 1584) e escravos da Guiné e da Angola (desde os anos quarenta do século XVI).
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(Não existe pecado abaixo do Equador). Este, repetido ao longo dos séculos, chega-nos, atualmente, como referência aos costumes lascivos dos índios e de seus supostos descendentes, nós, os brasileiros. Porém, a origem deste clichê se encontra na doutrina dos exploradores e em suas práticas. Tais exploradores – degredados e soldados e marinheiros desertores – viam a colônia como um paraíso exótico, onde podiam fazer tudo o que em Portugal seria punido ou era simplesmente impossível: capturar e escravizar nativos e se apossar de terras e mulheres, no local e quantidade que desejassem. Teriam eles sido o maior entrave para os jesuítas, pois, ao invés de levar a civilização ao Novo Mundo, teriam se comportado de modo mais selvagem que os próprios nativos.
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