sábado, 27 de diciembre de 2008

A polícia e o porto: marinheiros, imigrantes e os consulados estrangeiros no Rio de Janeiro (1890-1920).


articulo 1(recorte): http://www.afroasia.ufba.br/pdf/afroasia_n21_22_p147.pdf
ARTICULO 2:

Prof. Dr. Álvaro Pereira do Nascimento
UFRRJ (Instituto Multidisciplinar)
Esta intimidação à polícia não era à toa. Aquela região, do cais Faroux ao bairro da Saúde, era infestada de marinheiros, capoeiras, escravos e estivadores. Esses fatores nos levaram a pensar que a gente de Marinha compusesse uma malta, a malta da Candelária. E com certeza ela havia.

Tendo o subdelegado da freguesia da Candelária me informado de que na noite de Natal costumam reunir-se nas proximidades das igrejas maltas de capoeiras, em sua quase totalidade, compostas de aprendizes e imperiais marinheiros, rogo à V. Ex. ª, no intuito de prevenir conflitos, se digne providenciar para que sejam policiadas por força da Armada aquelas praças que obtiverem licença para vir à terra na referida noite.24
Mas o problema não era somente com marinheiros brasileiros. Estrangeiros também passavam pelas mãos da Polícia. Uma importante missão no controle social da região portuária passava pelas mãos do Chefe de Polícia da Corte e dos consulês de diversas nacionalidades. Casos de revoltas, ferimentos, brigas, homicídios e insubordinação em alto mar eram em parte resolvidos no porto do Rio. A primeira atitude do capitão era contactar o consulado e narrar o problema havido durante a viagem. Como muitas vezes o navio mercante não possuía celas para presos, era solicitado que o Chefe de Polícia requisitasse uma vaga para o marinheiro indisciplinado ou criminoso numa das instituições prisionais da cidade. Pelo menos enquanto o navio estivesse ancorado – melhor oportunidade para se alcançar a fuga.
[...] apresento [...] o marinheiro James Smith, tripulante da galera inglesa Pass of Melford, que sublevou-se a bordo durante a viagem para este porto, infligindo nas pessoas do capitão e piloto ferimentos com instrumento cortante.25
Tendo-se sublevado hoje a bordo do vapor inglês South Wales três dos seus tripulantes ameaçando a vida do respectivo comandante, rogo [...] dignar-se [...] conduzi-los à prisão.26
Tenho a honra de pedir ao Sr. Chefe de Polícia se digne dar suas ordens para que por grave insubordinação sejam presos e recolhidos à Casa de Detenção até segunda informação minha os marinheiros Schroveder, Mueller, Pseil, Iochum e Schnelle, tripulantes da galera alemã Philadelphia atualmente surta neste porto, responsabilizando-se este consulado pelas custas que resultarem desta prisão.27
Tenho a honra de solicitar a pedido do capitão da barca norueguesa India que V. E. digne-se dar as ordens necessárias a fim que os tripulantes da mesma Auton Andersen, Charles Gercke, E. Lindsthon e Axel Alson (?) tripulantes da mesma barca, culpáveis de indisciplina e desordem a bordo, sejam tornados presos e detidos a disposição deste consulado geral.28
Mais um dos problemas mais comuns ligando Polícia, consulados e comandantes dos navios mercantes era o de deserção. Diversos homens, ao chegarem ao porto carioca, acabavam abandonando o navio. Há histórias diversas que podem nos ajudar a entender o assunto. Casos de amor, de crise econômica em seu país de origem, cansaço por longas viagens etc. Veja por exemplo os casos abaixo.
Tendo desertado de bordo da barca portuguesa “Mariana” os tripulantes José Correia natural de Bissau, de 24 anos, solteiro, e Miguel Ferreira, natural de Alfazeirão filho de José Ferreira, 36 anos, casado, venho rogar à V. Ex. ª se digne providenciar para que os referidos tripulantes sejam capturados e conduzidos a bordo do referido navio.
http://www.crimenysociedad.com.ar/wp-content/uploads/2008/08/pereira-do-nascimento.doc

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