miércoles, 3 de diciembre de 2008

O negreiro de Moçambique Joaquim do Rosario original de Diu.

Quando Tomás Antônio Gonzaga chegou ao lugar de seu degredo, os banianes tinham na ilha e na parte fronteira do continente cerca de 50 lojas e ourivesarias. Ocupavam posição preponderante no comércio: "eram possuidores da maior parte das casas, fazendas, escravaturas, gado, prédios e palmares"(71). Nas manufaturas, também eram indispensáveis os hindus de outras castas. Por isso, quando pensou em conseguir dinheiro para investir numa atividade produtiva, o poeta recorreu a Lacamichande Matichande, comerciante natural de Diu, de 52 anos, que era o chefe dos banianes e uma das figuras mais respeitadas por seu poder na ilha. Só perdia em prestígio para o goês Joaquim do Rosário Monteiro, o maior negreiro da ilha de Moçambique à época, que, por sinal, costumava ser sócio do baniane em várias carregações de escravos(72).
De Lacamichande Matichande, Gonzaga obteve, em 10 de agosto de 1793, um ano depois de sua chegada à ilha, a quantia de 5.100 cruzados para liquidar só no dia 10 de fevereiro de 1799. Gonzaga deveria ir abatendo a dívida ao longo dos anos, mas, com o acúmulo de juros, em janeiro de 1800, o poeta e sua mulher tiveram de vender um palmar na Cabaceira Grande ao médico e negreiro piemontês Carlos José Guezzi para encerrar a conta corrente(73). A negociação com Guezzi envolveria outras mercadorias e acabaria por se arrastar na justiça(74).
http://www.macua.org/gonzaga/gonzaga3.3.html

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