CAPOEIRA, BOI-BUMBÁ E POLÍTICA
NO PARÁ REPUBLICANO (1889-1906)
Luiz Augusto Pinheiro Leal
Jurunas e Umarizal eram bairros potenciais nesse sentido. Talvez o maior indicador da periculosidade fosse a presença de capoeiras entre seus moradores. Ribeiro, morador por muito tempo do Umarizal e traba- lhador do Arsenal de Marinha, cita o nome de diversos indivíduos valen-tes que moravam nestas duas vizinhanças:
Capoeiras de renome, conhecidos pela destreza, dí-lo a tradição oral, foram, naquele passado distante, um funcionário do Tesouro do Estado, o Teodoro “Medonho”; um pretinho operário do Arsenal de Marinha, o “Mané Baião” que, com uma semana de aprendizagem resolveu experimentar a auto-suficiência surrando seu próprio mestre; “Pé de Bola”, já citado, e seu companheiro “Norato”, que foi até “argente” de Polícia, tudo isso povo do Jurunas.
Teve-os, igualmente, e em bom número, o Umarizal. Dos bons, posto que na maioria meros “desportistas” e não profissionais da “truba”, do “esgrú” [...] Foram assim o encadernador Pantaleão, “Panta”, primitivo dono da oficina que é hoje de Tó Teixeira. Sarado na negaça e no pé. E como ele, “Periquito”, que era foguista marítimo; “Trincheta”, Honorato, ferreiro do Gasômetro; “Gasolina”, que chegou a ser bom goleiro e morreu tísico no “Domingos Freire”; “Benga”, barbeiro (da Pratinha), todos “balisas” de carnaval e “caboclos” de grupos joaninhos
Os “balisas” em tais grupos eram respeitados ases da capoeiragem. Um “encontro” entre eles seria empolgante contenda daqueles bailarinos da braveza se não resultasse, fatalmente, em cabeças quebradas, cortes de navalha, furadas de punhal, em que pesasse ao romântico figurino de suas roupagens, dando-lhes ares de pagens medievos, inclusive com as cacheadas cabeleiras louras por cima de caras bronzeadas e mesmo negras.32
Os “balisas” eram os capoeiras que iam à frente dos cordões para garantir a segurança dos integrantes. Campos Ribeiro informa que estes eram os mesmos componentes dos grupos de boi-bumbá por ocasião da época junina.
http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/770/77003209.pdf
http://www.afroasia.ufba.br/pdf/afroasia32_pp241_269_CapoeiraBoiBumba.pdf.
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