jueves, 4 de diciembre de 2008

Libro -Historia de Mozambique


Quando as frotas francesas, holandesas e inglesas começaram a percorrer o ĺndico, trataram de usar as Comores enquanto portos regulares onde se podiam abastecer de água e víveres. A procura de géneros alimentícios aumentou com uma rapidez tal, que se tornou difícil para estas ilhas stisfazer a procura de que estavam a ser alvo. Assim, os navios europeus passaram também a frequentar a baía de Santo Agostinho, na costa sudoeste de Madagáscar. Acabaram por descobrir que aqui lhes era possível adquirir gado, e, uma vez "oficializado" este ponto de paragem, uma série de assentamentos malgaxes acabaram por florescer em torno da Baía, sendo o seu intento servir os navios que aí aportavam. As actividades destes navios alarmaram de tal forma os Portugueses, que de imediato desenvolveram uma política intervencionista em relação a Madagáscar. Em 1613, Luís Marianno, um padre jesuíta, seguiu para a ilha disposto a estabelecer relações com os chefes da parte sul de Madagáscar, e, de passagem, a tentar descobrir o paradeiro dos sobreviventes de vários naufrágios. Marianno regressou passados dois anos na companhia de um outro padre, e ambos tentaram, sem sucesso, estabelecer uma missão permanente na costa. Contudo, ninguém se mostrou interessado em retomar este trabalho. Para além de algumas sugestões ocasionais dizendo que o capitão de Moçambique deveria estabelecer um posto fortificado na costa de Madagáscar, a Coroa Portuguesa (pelo menos a nível oficial) não voltou a demonstrar qualquer interesse nesta ilha, e a exploração da zona oriental do canal de Moçambique foi como que deixada nas mãos de outras potências europeias.10Ingleses, franceses e holandeses andavam à procura de bases permanentes a partir das quais as suas frotas pudessem operar, ao mesmo tempo que viam nas ilhas a possibilidade de aí estabelecerem plantações semelhantes às que estavam a ser exploradas nas Caraíbas. Os Holandeses acabaram por se fixar nas Maurícias em 1639, ao passo que os franceses os fizeram na lie de Bourbon (Reunião) em 1642, e, posteriormente, em Fort Dauphin, na costa de Madagáscar, em 1649. Por seu turno, os Ingleses mostravam-se bastante satisfeitos com os lucros obtidos através da sua amizade com o sultão de Anjouan, nas Comores, servindo-se da ilha tanto posto abastecedor e como posto de correios, pois era aí que se procedia à troca de mensagens entre os navios. Todavia, nos anos trinta, Madagáscar atraiu as atenções de vários empresários ingleses, todos eles interessados em quebrar o monopólio da Companhia das índias Orientais. Assim, em 1635, estabeleceu-se um monopólio rival, a Courteen Association, com o objectivo de explorar as oportunidades comerciais oferecidas por Madagáscar e pela zona ocidental do Indico. A Courteen Association enviou, então, várias embarcações para a zona, tendo-se mesmo registado a tentativa de fundar uma colónia na costa de Madagáscar. Os Ingleses recusaram sempre desistir das suas ambições nesta zona até que, na década de cinquenta, a doença e as elevadas perdas comerciais os obrigaram a abandonar os seus esforços colonizadores." Entretanto, os Holandeses haviam fundado um assentamento permanente na baía de Mesa, isto em 1652, abandonando em 1658 a sua colónia nas Maurícias. À medida que, aos poucos, a Cidade do cabo se ia desenvolvendo enquanto base naval e colónia, a procura holandesa de mão-de-obra escrava aumentou de forma considerável, acabando eles por desenvolver uma rede comercial regular com a costa de Madagáscar.Como consequência de tudo isto, a primeira metade do século xvn pautou-se por um enorme desenvolvimento da actividade comercial na zona do canal de Moçambique. Assim como, no século anterior, a criação de uma base naval em Moçambique resultara num aumento da procura em relação aos produtos daquela parte de África, assim a chegada anual de grandes frotas inglesas, holandesas e francesas estimulou a procura através de toda a região que se estendia a norte do cabo da Boa Esperança. Contudo, a maioria dos produtos alimentares adquiridos pelas companhias continuavam a ser o resultado de práticas agrícolas tradicionais. Apenas nas Comores vamos encontrar algumas indicações que nos dizem ter a introdução de escravos contribuído para o aumento da produção agrícola. Se o comércio europeu teve pouco impacto nos métodos de produção, tudo indica ter a sua repercussão política na ilha de Madagáscar sido qualquer coisa de considerável, já que se pensa estar a expansão dos Sakalava, ocorrida durante o século xvm, relacionada com o estímulo económico derivado do comércio dos escravos e das armas de fogo.

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