2.1 DA PRESENÇA PORTUGUESA (moçambique)
Sobre os habitantes, descreve suas vestes de peles e espadas ornadas de ouro, suas compras de algodões pintados e sedas da Índia quando de suas idas à Sofala. A cidade onde o imperador permanecia por maior espaço de tempolocalizava-se a 21 dias de caminhada pelo sertão adentro, na direção do Cabo da Boa Esperança. E era neste local que os comerciantes compravam o ouro, que depois era trazido até a costa. O Monomotapa dispunha de um exército poderoso, formado por vassalos aguerridos, “que provocava a admiração de quantos dele ouviam falar”161.
Além disso, é importante ressaltar que nos sertões de Sofala se encontravam inúmeros portugueses, que a título particular procuravam enriquecer através dos mais variados estratagemas comerciais. Muitos seriam, com certeza, degredados e fugitivos das embarcações da “carreira da Índia” e que se embrenhavam nos negócios do e em torno do ouro. Estas infiltrações permitiram aprofundar e consolidar os conhecimentos acerca dos meandros do negócio do ouro, mas também serviram para cimentar a presença portuguesa na região162.
161
SANTOS, Maria Emília Madeira. Viagens de exploração terrestre dos portugueses em África. Lisboa : Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga – Instituto de Investigação Científica Tropical, 1988. p. 75-6.
162
Alexandre Lobato refere um documento acerca da existência de muitos portugueses espalhados pelo interior do Quiteve. Carta de António Silveira de Meneses ao rei. In: LOBATO, Alexandre. A expansão portuguesa em Moçambique 1498 a 1530. Lisboa : Centro de Estudos Históricos, 1960. vol. II, p. 26. Page 85
Nos séculos XVII e XVIII, Sofala torna-se em centro exportador de grandes quantidades de escravos, que são principalmente adquiridos por navios franceses, que os encaminham para suas colônias. De Sofala partia, ainda, o navio de resgate que se dirigia para Inhaca, na baía de Lourenço Marques, onde em troca de tecidos e contas miúdas, arrecadava marfim, escravos, mel, manteiga, dentes e unhas de cavalos marinhos. Duas vezes por ano um pangaio*
proveniente das ilhas Bocicas trazia para comerciar ouro em pó, âmbar, marfim, pérolas, mel, aljôfar, manteiga, arroz e dentes de peixe-mulher. Dos rios de Cuama traziam-se dentre outras coisas, ouro e marfim.166
166
ARAÚJO, Maria Benedita. O giro moçambicano. Coimbra : Universidade de
Coimbra, 1992, p. 158 e 162
http://www.poshistoria.ufpr.br/documentos/2006/Joserobertobportella.pdf.
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