Malandro à Moda Antiga:
Anacrônico. Esta, talvez, seja a palavra que melhor traduz a impressão provocada por Moreira da Silva, quando, pouco tempo antes de sua morte, no ano 2000, o famoso sambista de breque ainda aparecia em público trajando sempre um indefectível terno de linho branco, sapato de duas cores e chapéu de panamá, à moda dos antigos malandros da Lapa. Kid Morengueira, este era o apelido de Antônio Moreira da Silva, descrevia sua indumentária dos anos 30, assim:
Nas folgas eu metia um 'choque' [roupa fina e engomada] e aparecia no 'ponto' [praça Tiradentes] como mandava o figurino, com meu linho branco HJ S120, camisa de seda 22 'momos' [chamada assim porque era importada de contrabando do Japão] e minha botina de pelica com botões de madrepérola. Isso era o fino do trajar de então6.
No Tempo do Camisa Preta
Camisa Preta – o nome é o registro de um hábito desta personagem, que só usava camisa de cor negra – foi mais um dos muitos malandros que engrossaram a lista dos temíveis e respeitados valentes que povoaram as ruas da Lapa até os idos de 40. Nomes como Sete Coroas, Meia Noite, Miguelzinho da Lapa, Joãozinho da Lapa, Nelson Naval, Madame Satã, etc. ainda hoje são lembrados por muitos cariocas que vêem no malandro dos anos 30/40 a antítese dos bandidos atuais. Daí, numa clara referência ao imaginário dos contos populares, Wilson Batista falar em História de Criança (samba de 1940) do malandro, como se o mesmo já fosse coisa do passado, a figura de um tempo longínquo e imemorial, capaz de produzir medo, quem sabe, somente nas crianças: As histórias de malandros / que eram tipos assim / chinelo cara de gato / bem brasileiro mulato / trazendo uma ginga no passo / violão debaixo do braço / gostando da Rosinha ou Risoleta / assim vivia o malandro / no tempo do Camisa Preta22.
http://www.revistapesquisa.fapesp.br/scielo142/identidadesocial.htm
Anacrônico. Esta, talvez, seja a palavra que melhor traduz a impressão provocada por Moreira da Silva, quando, pouco tempo antes de sua morte, no ano 2000, o famoso sambista de breque ainda aparecia em público trajando sempre um indefectível terno de linho branco, sapato de duas cores e chapéu de panamá, à moda dos antigos malandros da Lapa. Kid Morengueira, este era o apelido de Antônio Moreira da Silva, descrevia sua indumentária dos anos 30, assim:
Nas folgas eu metia um 'choque' [roupa fina e engomada] e aparecia no 'ponto' [praça Tiradentes] como mandava o figurino, com meu linho branco HJ S120, camisa de seda 22 'momos' [chamada assim porque era importada de contrabando do Japão] e minha botina de pelica com botões de madrepérola. Isso era o fino do trajar de então6.
No Tempo do Camisa Preta
Camisa Preta – o nome é o registro de um hábito desta personagem, que só usava camisa de cor negra – foi mais um dos muitos malandros que engrossaram a lista dos temíveis e respeitados valentes que povoaram as ruas da Lapa até os idos de 40. Nomes como Sete Coroas, Meia Noite, Miguelzinho da Lapa, Joãozinho da Lapa, Nelson Naval, Madame Satã, etc. ainda hoje são lembrados por muitos cariocas que vêem no malandro dos anos 30/40 a antítese dos bandidos atuais. Daí, numa clara referência ao imaginário dos contos populares, Wilson Batista falar em História de Criança (samba de 1940) do malandro, como se o mesmo já fosse coisa do passado, a figura de um tempo longínquo e imemorial, capaz de produzir medo, quem sabe, somente nas crianças: As histórias de malandros / que eram tipos assim / chinelo cara de gato / bem brasileiro mulato / trazendo uma ginga no passo / violão debaixo do braço / gostando da Rosinha ou Risoleta / assim vivia o malandro / no tempo do Camisa Preta22.
http://www.revistapesquisa.fapesp.br/scielo142/identidadesocial.htm
2.1.4.1 - RIO DE JANEIRO: 1900 - 1930 (Nestor Capoeira)
A Lapa boêmia começou a crescer por volta de 1910 e atingiu seu período de ouro mais ou menos entre o final dos anos quarenta (1940)... Os bares: o Siri, o Café Colosso, o Capela, o Café Bahia, o Imperial. Os cabarés: o Apolo, o Royal Pigalle, o Vienna Budapeste, o Novo México, o Casanova, e o incrível Cu da Mãe. O Cassino High Life...
Parisienses, polacas e brasileiras. Leonor Camarão, que morreu enquanto tomava um banho de champanhe. Boneca, por quem mais de um homem se matou...
Mas outros lugares como o Mangue, a Saúde, a Praça Onze e o Cais do Porto também abrigaram muitos malandros... Meia-Noite, Beto Batuqueiro, Edgar, Sete-Coroas, Miguelzinho e muitos outros...
A partir de 1937, a vida do malandro vai ficando mais difícil. O Estado Novo de Getúlio Vargas, com sua ideologia de culto ao trabalho e à produção, inicia uma severa repressão aos "ociosos".
Meia-Noite morreu assassinado por um desafeto em 1938. Miguelzinho morreu aos dezoito anos de morte natural. Joãozinho da Lapa foi assassinado por um companheiro de malandragem por volta de 1939. Edgar morreu aos 26 anos de idade - só um sobrou para contar a história...*136
A Lapa boêmia começou a crescer por volta de 1910 e atingiu seu período de ouro mais ou menos entre o final dos anos quarenta (1940)... Os bares: o Siri, o Café Colosso, o Capela, o Café Bahia, o Imperial. Os cabarés: o Apolo, o Royal Pigalle, o Vienna Budapeste, o Novo México, o Casanova, e o incrível Cu da Mãe. O Cassino High Life...
Parisienses, polacas e brasileiras. Leonor Camarão, que morreu enquanto tomava um banho de champanhe. Boneca, por quem mais de um homem se matou...
Mas outros lugares como o Mangue, a Saúde, a Praça Onze e o Cais do Porto também abrigaram muitos malandros... Meia-Noite, Beto Batuqueiro, Edgar, Sete-Coroas, Miguelzinho e muitos outros...
A partir de 1937, a vida do malandro vai ficando mais difícil. O Estado Novo de Getúlio Vargas, com sua ideologia de culto ao trabalho e à produção, inicia uma severa repressão aos "ociosos".
Meia-Noite morreu assassinado por um desafeto em 1938. Miguelzinho morreu aos dezoito anos de morte natural. Joãozinho da Lapa foi assassinado por um companheiro de malandragem por volta de 1939. Edgar morreu aos 26 anos de idade - só um sobrou para contar a história...*136
136 Ver Mestre Atenilo, o relâmpago da capoeira regional (ALMEIDA, R.C.A., Salvador, Núcleo de Rec. Did. da UFBa, 1988 pp.9-16
MIGUELZINHO da LAPA: Campeón sudameticano de Capoeira: http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/08/1930-campeon-sul-americano-de-capoeira.html
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