lunes, 5 de enero de 2009

Goa Dourada

Estud. afro-asiát. vol.24 no.3 Rio de Janeiro 2002
doi: 10.1590/S0101-546X2002000300001
No governo dos mundos: escravidão, contextos coloniais e administração de populações1


"Goa Dourada"
Do outro lado do globo, outro pólo de nosso interesse, a estruturação da parte oriental deste vasto império ultramarino português - em Macau, Malaca, Ceilão e principalmente em Goa - também se viabilizou em função do intenso intercâmbio comercial e de fornecimento de escravos vindos a partir da África, especialmente de Moçambique (Russel-Wood, 1993; Pinto, 1992).
Certamente, dentro da dimensão de um império que contava com possessões em pontos tão distantes do mundo, o papel da escravidão (e por extensão do tráfico de escravos) foi primordial. Trata-se, como chama atenção Jeanette Pinto (1992:20), de uma das maiores experiências intercontinentais de investimento de capital da era moderna. Tanto quanto o Atlântico, o Oceano Índico foi de suma importância dentro da lógica administrativa e de consolidação da presença portuguesa no Oriente. Se, para alguns autores, como C. Boxer (1982:18), a parte oriental do império português perde importância, desde meados do século XVII, em relação à África e ao Brasil dentro da estrutura econômica do ultramar - desgastada que foi pelas sucessivas disputas bélicas com os holandeses por vários sítios - pelo viés da economia política e do exercício do poder, o Estado da Índia continua a ser peça-chave até, ao menos, meados do século XVIII (Russel-Wood, 1993).
Desde Moçambique, e especialmente nos séculos XVI e XVII (diminuindo mais sensivelmente a partir do XVIII), estabeleceu-se um intenso tráfico de escravos negros africanos com regiões das "conquistas" do ultramar português, especialmente Goa, Macau, Ceilão e Malaca. Contudo, o comércio português de escravos no Oriente, não se resumia às suas colônias, conquistas e possessões. A partir de Goa (especialmente), e passando por Macau, redistribuía-se até às Filipinas, sendo levados também para a Pérsia, Arábia, Mecca e Cairo. Este fluxo (humano e comercial) com a África incluía muito dos produtos das colônias portuguesas orientais.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-546X2002000300001&script=sci_arttext

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