lunes, 5 de enero de 2009

Exercito Portugues na Europa moderna


ESTADOS-NACIONAIS E EXÉRCITOS NA EUROPA
MODERNA: UM OLHAR SOBRE O CASO PORTUGUÊS

.............Além da constituição de um saber técnico, o universo militar português seria marcado pela experiência dos soldados que serviam em diferentes localidades da Ásia, África e América. Através da mobilidade, das interações práticas e das reflexões sobre a praxis beligerante, os militares faziam os saberes circularem.
As mudanças da arte da guerra impulsionariam oficiais e soldados à reflexão sobre as práticas beligerantes. Grandes tratados militares surgiriam, mormente a partir do século XVI. Escritos elaborados por nobres e fidalgos com formação universitária, e também por soldados práticos. Com vistas a soluções práticas, misturaram-se tradições guerreiras de diversas matrizes, aprovadas ou remodeladas de acordo com os contextos e com as demandas locais.
Para a Ásia Portuguesa, destacou-se o caso de Francisco Rodrigues Silveira. O soldado Silveira, natural do Lamego, não estudara na universidade e tinha origens modestas. Em 1585, aos 27 anos de idade, como soldado já experimentado, partiu para a Índia. Após ali servir por treze anos retornou à Lisboa.57 Em 1598 iniciou a elaboração da Reformação da Milícia, obra que lhe renderia uma tença de cinqüenta mil réis anuais.58 A Reformulação da Milícia é um discurso em torno do sentido e do valor da expansão portuguesa no Mundo. Relaciona a sobrevivência do Estado com sua função militar, soando de forma mais marcante do que o Soldado Prático, de Diogo do Coutohttp://www.rtp.pt/gdesport/?article=264&visual=3&topic=1 . 59 Sua obra, centrada no Estado da Índia e no parelho político-militar, divide-se em dois grandes campos de temas e de problemas. O campo descritivo, que transmite a informação pontual sobre este ou aquele fato militar, político ou administrativo, e o campo normativo e explicativo, que procura teorizar as causas que originam os fenômenos de desordem descritos, bem como formular as alternativas necessárias para a metamorfose da desordem existente, em ordem militar, política e estratégica.
QUADRO 1
Principais obras militares publicadas em Portugal no período de 1640-1761.
1641 Luís Martinho de Azevedo
Ordenanças militares para disciplina da milícia portuguesa.
Demarcação das funções e dos deveres inerentes a cada grau militar. Preocupação com a disciplina militar.
1644Antônio Gallo
Regimento militar que trata de como os soldados hão de se governar, obedecer e guardar as ordens, e como os oficiais hão de governar.Conselhos práticos e princípios indispensáveis à preparação e condução de operações de Guerra. Definição de funções. Preocupação com a formação do soldado.
1644 Gregório Soares de Brito
Breve discurso e tratado das regras militares observadas por muitos práticos e valorosos soldados. Conhecimentos práticos aplicados à arte da guerra.
1644 Luís Marinho de Azevedo
Doutrina política, civil e militar tirada do livro quinto das que escreveu Justo Lipsio. Texto direcionado aos conselheiros de guerra, generais, governadores, cabos e oficiais maiores e menores dos exércitos. Legitima e regula a hierarquia de cargos e funções, desenvolve considerações sobre o rigor disciplinar
1659 João de Medeiros Correia
Perfeito soldado e política militar. Trata de um saber marcial cuja fonte é aquela fornecida pela experiência da própria guerra.
1680 Luís Serrão Pimentel
Método lusitânico de desenhar as Traçados regulares a serviço de uma Guerra 71
LORIGA, Sabina. Soldats. Un laboratoire disciplinaire: Larmée Piémontaise au XVIII siècle. Paris:Mentha, 1991.Page 19Fênix – Revista de História e Estudos Culturais
Julho/ Agosto/ Setembro de 2007 Vol. 4 Ano IV nº 3 ISSN: 1807-6971
Disponível em: http://www.revistafenix.pro.br/ fortificações das praças regulares e
irregulares, fortes de campanha e outras obras pertencentes à arquitetura.
de posições.
1707D. João de Mascarenhas
Manejo e governo da cavalaria, escrita pelo conde Galeaço Gualdo Priorato. Inventariação das principais competências dos cargos e definição de algumas normas de procedimentos disciplinares.
1707 Manuel Antônio de Matos
Compendio da expugnação das praças Obra singela e sem originalidade, que se limita a reproduzir alguns lugares-comuns.
1708 Manuel da Maia
O governador de Praças por Antônio de Ville Tolozano. Política de fortificação vista com definição
da soberania dos estados.
1709 Antônio Nunes da Veiga
Perfeito capitão. Máximas militares tiradas da disciplina e prática militar dos maiores heróis que conheceu o tempo.Exigências disciplinares dos exércitos.
1713
André Ribeiro Coutinho
Protótipo constituído das partes essenciais de um general perfeito. Instruções para os comandantes.
1723Francisco José Sarmento
Instrução militar para o serviço da cavalaria e dragões. Instruções para a cavalaria e dragões.
1728 Manuel Azevedo Fortes
O engenheiro português. A partir da geometria analítica desenha construções e dispositivos complexos, adaptados ao terreno e a uma manobra tática dotada de maior mobilidade.
1737 Tomás Teles da Silva
Discursos sobre a disciplina militar e ciência de um soldado de infantaria,
dedicados aos soldados novos. Disciplina militar.
1741 José de Almeida e Moura
Movimentos de cavalaria, com adição para dragões e infantaria. Evoluções para a cavalaria, dragões e infantaria.
1744 José Fernandes Pinto
Alpoim Exame de artilheiros. Aritmética, geometria e artilharia.
1748 José Fernandes Pinto
Alpoim Exame de bombeiros Geometria, trigonometria, longemetria, aritmética, morteiros, pedreiros, fogos artificiais de guerra.
1751André Ribeiro Coutinho
O capitão de infantaria português com a teórica e a prática de suas funções, exercidas assim na armadas terrestres e navais, como nas praças e Corte. jurisdição, política militar, teologia militar,
obrigações, economia e evoluções, marchas, guardas, funções de Campanha, funções de Praça, funções de Armada, recrutas, requerimentos, arquitetura militar de infantaria.
Referências
Fonte: Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa, Biblioteca da Ajuda, Biblioteca do Exército Português,Biblioteca do Exército Brasileiro, Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, Biblioteca Nacional de Lisboa,Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
http://www.revistafenix.pro.br/PDF12/secaolivre.artigo.4-Francis.Albert.Cotta.pdf

DIÁLOGO DO SOLDADO PRÁTICO

QUE TRATA DOS ENGANOS
E DESENGANOS DA ÍNDIA
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Havia apenas uma viagem anual nos dois sentidos Lisboa-Goa e Goa-Lisboa. A viagem Goa-Lisboa iniciava-se nos meses de Dezembro ou Janeiro, chegando a Lisboa entre Junho e Setembro, sempre que não houvesse incidências como arribadas a algum porto do reino ou a invernada em Moçambique, o que prolongava a viagem vários meses. A viagem Lisboa-Goa habitualmente largava da capital do reino na segunda quinzena de Março ou nos inícios de Abril, sendo a duração da viagem seis o sete meses. Assim, o percurso total que um soldado tinha que completar para fazer valer os seus direitos perante a Coroa demorava um mínimo de dois anos.

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