O tráfico de escravos entre Pernambuco e a Costa da Mina: notas e comentários à palestra Nas Margens da História: o tráfico de escravos e a economia de Pernambuco na dinâmica do Império atlântico português (1655-1755),
de Gustavo Acioli.
A primeira questão diz respeito ao argumento que apresenta como sendo oposto à historiografia brasileira da última década e que diz respeito ao facto do «tráfico bipolar encetado pelas capitanias do Brasil não constituir, aos olhos da coroa e seus agentes, um elemento contrário ao sistema colonial». Ou seja, que «o tráfico realizado pelos súbditos do Brasil [foi sempre] considerado como parte integrante da condição colonial e necessário à reprodução das estruturas do império português».
Contudo, o argumento do tráfico bipolar, aqui transformado em teoria, não parece resistir aos estudos mais recentes sobre a dinâmica e a complexidade das construções económicas, políticas e sociais do império colonial português. Ao usar o conceito de tráfico bipolar entre as capitanias do Brasil e a Costa da Mina, ou a noção de comércio triangular e bilateral envolvendo também Portugal, Gustavo Acioli parece não ter em conta a fluidez das redes de financiamento do tráfico negreiro. O que existia era um enorme mercado ultramarino que se expandia e retraía com extrema maleabilidade, um mercado com múltiplos pólos de oferta e de procura de mercadorias: Lisboa, Rio de Janeiro, Baía, Pernambuco, Luanda, Moçambique, Goa e Macau. Um mercado que, em muitos pontos, extravasava mesmo o domínio ou a influência política portuguesa, em particular quando se situava nos sertões africanos, ou mesmo, em diversos portos da Índia, nomeadamente Surrate, Bombaim ou Bengala.
http://64.233.183.132/search?q=cache:983_IAXKP5wJ:www2.iict.pt/%3Fidc%3D102%26idi%3D13546+navios+por+ano+carregados+de+escravos&hl=es&ct=clnk&cd=16&gl=es
de Gustavo Acioli.
A primeira questão diz respeito ao argumento que apresenta como sendo oposto à historiografia brasileira da última década e que diz respeito ao facto do «tráfico bipolar encetado pelas capitanias do Brasil não constituir, aos olhos da coroa e seus agentes, um elemento contrário ao sistema colonial». Ou seja, que «o tráfico realizado pelos súbditos do Brasil [foi sempre] considerado como parte integrante da condição colonial e necessário à reprodução das estruturas do império português».
Contudo, o argumento do tráfico bipolar, aqui transformado em teoria, não parece resistir aos estudos mais recentes sobre a dinâmica e a complexidade das construções económicas, políticas e sociais do império colonial português. Ao usar o conceito de tráfico bipolar entre as capitanias do Brasil e a Costa da Mina, ou a noção de comércio triangular e bilateral envolvendo também Portugal, Gustavo Acioli parece não ter em conta a fluidez das redes de financiamento do tráfico negreiro. O que existia era um enorme mercado ultramarino que se expandia e retraía com extrema maleabilidade, um mercado com múltiplos pólos de oferta e de procura de mercadorias: Lisboa, Rio de Janeiro, Baía, Pernambuco, Luanda, Moçambique, Goa e Macau. Um mercado que, em muitos pontos, extravasava mesmo o domínio ou a influência política portuguesa, em particular quando se situava nos sertões africanos, ou mesmo, em diversos portos da Índia, nomeadamente Surrate, Bombaim ou Bengala.
http://64.233.183.132/search?q=cache:983_IAXKP5wJ:www2.iict.pt/%3Fidc%3D102%26idi%3D13546+navios+por+ano+carregados+de+escravos&hl=es&ct=clnk&cd=16&gl=es
No hay comentarios:
Publicar un comentario