GRITO ESCRAVO: RELATOS DA REBELDIA ESCRAVA NA CIDADE DO
RIO DE JANEIRO. SÉC. XIX (1840-1850).
São inúmeros os casos de negros “fujões” dos engenhos, casas dos senhores e até de alguns
conventos. Muitos escapavam e se dirigiam para a comunidade de fugitivos: o quilombo. Mas, nem todos os fugitivos engrossavam às fileiras dessas comunidades quilombolas. Não raras às vezes em que estes escravos se misturavam aos libertos na cidade criando seus espaços de sobrevivências. Se olharmos para a Capital baiana no ano de 1844, veremos um outro tipo de “espaço” conseguido pelos cativos, ou seja, a insurreição dos escravos aussás, tapas e nagôs.10
Destaca-se na ação isolada da resistência, particularmente fugas e assassinatos, a prática das
capoeiras. A capoeira na primeira metade do século XIX esteve atrelada à questão da escravidão e a procedência africana. Alguns dos “fujões” se misturavam aos capoeiras para se esconderem e se esquivarem das perseguições policiais. Ora,. “O fugido muitas vezes se misturava com o capoeira, pronto para enfrentar qualquer estranho que quisesse suprimir sua liberdade”11, pelos guetos, vielas e ruas lá estavam os negros agenciando suas próprias vidas, dispostos a quaisquer coisas para continuarem, pelo menos, no sentimento de liberdade. O negro capoeira, indivíduo isolado, igualmente temidos conhecedores de hábeis golpes de corpo, habitando às ruas, juntamente com todo o grupo de desocupados: rameiras, vagabundos, malandros, etc, marcou fortemente a vida social da cidade do Rio de Janeiro no século XIX. Lembramos que a Cidade do Rio de Janeiro neste período estava construída desordenadamente pelas vontades individuais, com pouca intervenção ou regulamentação do poder público12, o que possibilitou a ação dos negros rebeldes.
http://www.rj.anpuh.org/Anais/2006/conferencias/Everson%20Sofiste%20y%20Guthierrez.pdf
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