Notícias sobre motins a bordo, embora não sejam frequentes, não deixam de surgir e é mesmo referenciada a perda de uma embarcação na sequência de uma rebelião em alto mar. Em 1524, numa nau, provavelmente de armadores, conhecida por "Garça" e capitaneada por um maiorquino de seu nome Gaspar, a tripulação amotinou-se, matando o capitão, o mestre e o piloto e abandonou a armada em que seguia, nas imediações de Moçambique, para se dedicar à pirataria. Mais tarde, seriam capturados por António de Miranda, sendo levados até à Índia onde foram sentenciados à morte, por enforcamento (cf. Correia 1975, I, 816 e Sousa 1945, I, 162-163).
...................Perante esta situação, a figura central na tripulação de uma destas embarcações era o piloto, o verdadeiro responsável pelo (in)sucesso da viagem. Apesar dos cuidados postos na sua selecção e formação são vários os testemunhos mais ou menos directos que indiciam a sua escassez, em particular à medida que as décadas iam passando. No Índico, tornou-se comum, no início de Quinhentos, o recurso a pilotos árabes, guzerates ou hindus como estratégia útil para ultrapassar o desconhecimento e as dificuldades de navegação na região. Por outro lado, à partida de Lisboa não era também caso raro encontrarem-se pilotos castelhanos, maiorquinos ou de outras origens mediterrânicas nas naus portuguesas.
...............Relembre-se que em 1580 e 1640 (Rodrigues 1993, 202) são considerados aptos para o serviço militar 180.000 e 200.000 homens, respectivamente, e que algumas das maiores armadas com destino ao Índico chegavam a embarcar 4.000 soldados de cada vez (2% do contingente disponível). Só assim se explica que, em Portugal e na Índia, se lamentasse a falta de meios humanos, quando, aparentemente, os efectivos disponíveis (totais) não eram assim tão escassos.
http://nautarch.tamu.edu/shiplab/01guifrulopes/Pguinotemilit96.htm
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