LIBRO:PAG 18.
A China no Brasil: influências, marcas, ecos e sobrevivências chinesas na sociedade e na arte brasileiras
Escrito por José Roberto Teixeira Leite
Publicado por Editora da Unicamp, 1999
Procedente de Universidad de Texas
Digitalizado el 2 Sep 2008
ISBN 8526804367, 9788526804364.http://books.google.com/books?id=MyEsAAAAYAAJ&hl=es&safe=on&pgis=1
Escrito por José Roberto Teixeira Leite
Publicado por Editora da Unicamp, 1999
Procedente de Universidad de Texas
Digitalizado el 2 Sep 2008
ISBN 8526804367, 9788526804364.http://books.google.com/books?id=MyEsAAAAYAAJ&hl=es&safe=on&pgis=1
Nota del pesquisador: Trata-se de uma gravura de Rugendas que mostra o plantio de chá pelos chineses em 1835 . Eram artístas de Napoleão Bonaparte, que depois de sua derrota ninguém os queria na Europa, e D. João VI os trouxe para o Brasil (Missão Artística Francesa). Esta gravura mostra negros e chineses convivendo juntos nos mesmos espaços de trabalho. Isto implica em aculturação, no período entre 1808 e 1821.
http://www.exposicaomulheresreais.com/voceSabia_modos.htmhttp://catalogos.bn.br/redememoria/chineses.html
Fonte: LEITE, José Roberto Teixeira. Introdução: A China no Brasil. In: ______. A China no Brasil: influências, marcas, ecos e sobrevivências chinesas na sociedade e na arte brasileiras. Campinas, SP: Ed. da Unicamp, 1999. p. 9-24.
A CHINA NO BRASIL
A probabilidade dessa presença asiática no Brasil aumenta, quando se sabe que, de modo geral, os navios das diferentes Companhias das Índias Orientais que costumavam aportar ao nosso país, em seu regresso à Europa, eram majoritariamente tocados por marinheiros asiáticos - chineses, árabes, indianos, malaios, cingaleses, javaneses etc. alistados para preencherem as baixas ocorridas na tripulação durante a viagem de ida. Os ingleses davam preferência aos lascars indianos, disciplinados e operosos, embora assustadiços e pouco resistentes ao mar, "morrendo como moscas" segundo antigo cronista; mas empregavam também muitos marinheiros chineses e malaios. As demais frotas priorizavam a marinharia chinesa, árabe e malaia, raças afeitas ao mar e que desde remotas eras tinham dado prova de grande competência como
navegadores.13 Só para citar um exemplo, diremos que em 1792 o pessoal de bordo da frota holandesa no Cabo da Boa Esperança, num total de 1.417 indivíduos, compunha-se de apenas 579 europeus de diversas origens e de 504 chineses, 253 árabes e 101 malaios.14
Não será disparatado chegar-se à conclusão de que centenas, talvez milhares de chineses e de outros asiáticos, embarcados em naus que faziam o trajeto entre a Ásia Oriental, o Brasil e a Europa, pisaram, no decurso de séculos, terras brasileiras. E se não nos ficaram narrativas ou descrições dessas viagens, foi talvez porque não se imaginou que a experiência de rudes marinheiros iletrados fosse capaz de interessar a alguém. Aliás, nem se pode afirmar com segurança que tais descrições inexistam, antes de que acuradas pesquisas venham a ser realizadas em arquivos da China e da Índia. Mesmo porque uma dessas narrativas foi há pouco revelada ao Ocidente por André Levy: publicou-a em 1821 o geógrafo e historiador chinês Li Zhaolu, o qual recolhera o relato de um veterano marinheiro, Xie Qinggao (1765-1821).15 Xie Qinggao, que aos 32 anos cegou e teve de abandonar a carreira do mar, afirma ter percorrido entre 1782 e 1796 os sete mares a bordo de embarcações portuguesas, referindo-se mais demoradamente a Portugal, mas também ao Brasil.16 Outras narrativas do gênero da de Xie Qinggao devem, estamos certos, existir.
Idéias e costumes da China podem ter-nos chegado também através de escravos chineses, de uns poucos dos quais sabe-se da presença no Brasil de começos do Setecentos.17 Mas não deve ter sido através desses raros infelizes que a influência chinesa nos atingiu, mesmo porque escravos chineses (e também japoneses) já existiam aos montes em Lisboa por volta de 1578, quando Filippo Sassetti visitou a cidade,18 apenas suplantados em número pelos africanos. Parece aliás que aos últimos cabia o trabalho pesado, ficando reservadas aos chins tarefas e funções mais amenas, inclusive a de em certos casos secretariar autoridades civis, religiosas e militares.
Muitos desses escravos chineses de Lisboa tinham sido sequestrados ainda em criança em Macau e vendidos (não raro pelos próprios pais) aos lusitanos.
http://74.125.77.132/search?q=cache:D-6I84uc3a0J:www.fundaj.gov.br/china/texto1.rtf+marinheiros+malaios+brasil&hl=es&ct=clnk&cd=4
A CHINA NO BRASIL
A probabilidade dessa presença asiática no Brasil aumenta, quando se sabe que, de modo geral, os navios das diferentes Companhias das Índias Orientais que costumavam aportar ao nosso país, em seu regresso à Europa, eram majoritariamente tocados por marinheiros asiáticos - chineses, árabes, indianos, malaios, cingaleses, javaneses etc. alistados para preencherem as baixas ocorridas na tripulação durante a viagem de ida. Os ingleses davam preferência aos lascars indianos, disciplinados e operosos, embora assustadiços e pouco resistentes ao mar, "morrendo como moscas" segundo antigo cronista; mas empregavam também muitos marinheiros chineses e malaios. As demais frotas priorizavam a marinharia chinesa, árabe e malaia, raças afeitas ao mar e que desde remotas eras tinham dado prova de grande competência como
navegadores.13 Só para citar um exemplo, diremos que em 1792 o pessoal de bordo da frota holandesa no Cabo da Boa Esperança, num total de 1.417 indivíduos, compunha-se de apenas 579 europeus de diversas origens e de 504 chineses, 253 árabes e 101 malaios.14
Não será disparatado chegar-se à conclusão de que centenas, talvez milhares de chineses e de outros asiáticos, embarcados em naus que faziam o trajeto entre a Ásia Oriental, o Brasil e a Europa, pisaram, no decurso de séculos, terras brasileiras. E se não nos ficaram narrativas ou descrições dessas viagens, foi talvez porque não se imaginou que a experiência de rudes marinheiros iletrados fosse capaz de interessar a alguém. Aliás, nem se pode afirmar com segurança que tais descrições inexistam, antes de que acuradas pesquisas venham a ser realizadas em arquivos da China e da Índia. Mesmo porque uma dessas narrativas foi há pouco revelada ao Ocidente por André Levy: publicou-a em 1821 o geógrafo e historiador chinês Li Zhaolu, o qual recolhera o relato de um veterano marinheiro, Xie Qinggao (1765-1821).15 Xie Qinggao, que aos 32 anos cegou e teve de abandonar a carreira do mar, afirma ter percorrido entre 1782 e 1796 os sete mares a bordo de embarcações portuguesas, referindo-se mais demoradamente a Portugal, mas também ao Brasil.16 Outras narrativas do gênero da de Xie Qinggao devem, estamos certos, existir.
Idéias e costumes da China podem ter-nos chegado também através de escravos chineses, de uns poucos dos quais sabe-se da presença no Brasil de começos do Setecentos.17 Mas não deve ter sido através desses raros infelizes que a influência chinesa nos atingiu, mesmo porque escravos chineses (e também japoneses) já existiam aos montes em Lisboa por volta de 1578, quando Filippo Sassetti visitou a cidade,18 apenas suplantados em número pelos africanos. Parece aliás que aos últimos cabia o trabalho pesado, ficando reservadas aos chins tarefas e funções mais amenas, inclusive a de em certos casos secretariar autoridades civis, religiosas e militares.
Muitos desses escravos chineses de Lisboa tinham sido sequestrados ainda em criança em Macau e vendidos (não raro pelos próprios pais) aos lusitanos.
http://74.125.77.132/search?q=cache:D-6I84uc3a0J:www.fundaj.gov.br/china/texto1.rtf+marinheiros+malaios+brasil&hl=es&ct=clnk&cd=4
A historiografia registra que, por volta de 1812, d. João mandou vir de Macau cerca de trezentos chineses oriundos do Cantão para trabalhar no cultivo dessa espécie, tanto no JBRJ quanto na Fazenda Imperial de Santa Cruz, a oeste da cidade do Rio de Janeiro. As dificuldades foram muitas, porque os chineses que vieram não eram lavradores e porque as dificuldades com o idioma criaram uma barreira que foi interpretada como um artifício, por parte dos imigrantes, para ocultar os segredos no cultivo da planta (Sacramento, 1825). Assim que a plantação começou a produzir, as sementes foram distribuídas por todo o Brasil. O resultado, segundo relatórios ministeriais, foi satisfatório: em 1828 já se colhia o correspondente a 23 arrobas (cerca de 338kg).
Voyageurs chinois à la découverte du monde ,Escrito por Dominique Lelièvre (pag 374)
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