A importação do trabalhador livre se desenvolve de forma acelerada, espalhando colônias na capital e em inúmeras regiões do interior de São Paulo, totalizando a entrada no país de 60.000 colonos europeus. Era sangue novo na terra, gente resoluta, que iniciava povoações e que ajudavam a criar a grandeza do Estado de São Paulo.
Em 7 de novembro de 1831 é promulgada a Lei que suspende o tráfico de escravos no Brasil, uma lei que tentava salvar as aparências e que foi ridicularizada por todos, pois não refletia a vontade nacional. Nos 15 anos que se seguiram, entraram no Brasil 300 mil escravos
contrabandeados.
As pressões inglesas para acabar com o tráfico negreiro a partir do fim do século XVIII
se intensificaram ano a ano. Os ingleses começaram a se importar com o conceito de igualdade
após 1750. Isso porque, para ampliar o mercado consumidor de seus produtos manufaturados,
era necessário multiplicar também o número de trabalhadores. A Inglaterra queria o fim do tráfico, devido à concorrência do açúcar brasileiro com o produzido nas Antilhas. As pressões da Inglaterra para que pusesse fim ao tráfico chocaram-se contra os interesses dos escravistas. Estes, fazendeiros ou traficantes, argumentando que a influência da Inglaterra lesava a soberania nacional, conseguiu propagar um forte sentimento antibritânico, que se difundiu pelas camadas populares. Mas o tráfico continuou, e a Inglaterra não desistiu. Sentindo-se prejudicado por
medidas protecionistas tomadas pelo Governo imperial, promulgou em 1845, o Bill Aberdeen.
Essa lei equiparava o tráfico negreiro à pirataria, dando a marinha o direito de apresentar os navios negreiros que encontrasse. Os ingleses invadiram portos brasileiros, afundaram navios, incendiaram tumbeiros em alto-mar, mataram marinheiros portugueses e jogavam os negros às águas.
Os ingleses foram condenados por essas atribulações, mas estavam amparadas por um
documento assinado em 1810. A finalidade do documento era em acabar com o tráfico e abrir o
campo para a repressão inglesa. Os acontecimentos políticos obrigam a corte a voltar para Lisboa em 11821 e em 1822 o Brasil proclama sua independente. Em 1826, para reconhecer a independência, exigiu que o tráfico cessasse até 1830. Como esta medida não foi adotada, passou a pressionar o governo. Por isso, em 07 de Novembro de 1831, foi promulgado a primeira lei proibindo o tráfico negreiro. Essa lei tornava livres todos os negros vindo da África, e ilegal o comércio de escravos. Mas não só não comprida como o tráfico aumentou. Por isso, em Agosto de 1845, o parlamento inglês aprovou numa lei (Bill Aberdeen), que declarava ilegal o tráfico de escravos africanos e determinava que seus infratores fossem julgados pelos tribunais da marinha inglesa. Isso quer dizer que, de 1845 a 1852, os ingleses capturaram e afundaram 105 navios nas costas brasileiras.
A Inglaterra estava gastando muito com as esquadras que perseguiam os traficantes. Na
verdade todo o sentimento humanitário dos ingleses em favor da abolição pesava bem pouco.
Em 1826, criou-se uma barreira de intolerância aos ingleses. Brasil criou uma barreira de medo e ódio, porque, havendo o fim do tráfico, os ingleses dominariam o Brasil, como dominaram Portugal. Mas, os ingleses sofriam com a oposição interna dos poderosos industriais exportadores do norte, além de perderem com a baixa nas exportações. Dessa maneira, a Inglaterra vai obrigar o Brasil a tornar o único caminho capaz de enfrentar o seu imperialismo, quando decide que o tráfico não pode continuar. A luta inglesa pelo fim do tráfico vai levar o Estado brasileiro à modernização. Em 1850, a lei Eusébio de Queirós proibiu o tráfico de escravos. Como houvesse muito contrabando de escravos, em 1854 a lei Nabuco de Araújo criou uma fiscalização mais severa e estabeleceu pesadas penas aos traficantes. O fim do tráfico vai levar o Império, as fazer as pazes com a Inglaterra, onde surgirão relações com o capitalismo inglês, que permitirá uma modernização do país, aumentando o grau de dependência ao seu imperialismo. Em 1850, a Lei Eusébio proibiu o tráfico negreiro. Com o preço dos escravos subindo, os produtores foram obrigados a encontrar alternativas mais baratas. A eliminação do tráfico não modificou a estrutura da escravidão, mudou apenas a forma de abastecimento, dando incentivo ao comércio interno. É dessa maneira que se afirma que o tráfico acabou, mas a escravidão continua.
http://www.bibliotecavirtual.sp.gov.br/docs/pesq_escravidao.pdf.
UBTERFÚGIOS E NOVOS PADRÕES DE ORGANIZAÇÃO NO TRÁFICO
ILEGAL DE ESCRAVOS: O CASO DO BRIGUE ASSEICEIRA
Para dar continuidade ao comércio atlântico de escravos para o Brasil após sua proibição, em 1830, será empregada uma série de estratégias e subterfúgios com a finalidade de fugir das
dificuldades colocadas no caminho daqueles que queriam dar prosseguimento a este
“infame comércio”. De acordo com Herbert Klein,“Em muitos aspectos, o comércio pré-1830 seguiu os moldes do comércio do século XVIII no que toca ao armamento, transporte de escravos e organizaçãocomercial. Mas a era pós-1830 iria registrar novos desenvolvimentos em todos os
aspectos do comércio, da compra inicial dos escravos na costa africana ao financiamento das viagens, e à venda final dos escravos. Todas estas novas estratégias foram concebidas para contornar a intervenção militar directa dos Britânicos e / ou a necessidade de subornar funcionários americanos para poderemdesembarcar os escravos nas Américas.”
Entre as mudanças operadas no comércio escravista em função de sua passagem para
a esfera da ilegalidade temos: aumento da importância de se ter representantes permanentes
na Costa da África, a partir da necessidade de redução do tempo em que uma embarcação aí
deveria permanecer até completar a sua carga; no lugar dos navios negreiros, recorreu-se
cada vez mais aos navios de carga, utilizados no transporte direto de mercadorias da
América, Europa e Ásia para a África, onde seriam trocadas por escravos; desenvolvimento
de novas formas de financiamento do negócio, com a formação de sociedades ou empresas
interessadas em custear as despesas de muitos navios e expedições com certo grau de
estabilidade, dispersando os riscos e reunindo o capital necessário para a manutenção de uma
presença constante em África; dispersão dos embarques na costa centro-ocidental africana e
a conseqüente emergência de novas opções de abastecimento. Todas essas mudanças foram
de suma importância para o prolongamento do tráfico atlântico por mais algumas décadas.
http://www.labhstc.ufsc.br/poa2005/05.pdf.
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