martes, 7 de octubre de 2008

A ruta dos Chiness ao Brasil- Aculturaçoes

Adelto Gonçalves*
João Craveirinha, 58 anos, sobrinho do poeta José Craveirinha (1922-2003), nasceu na Ilha de Moçambique. Bastariam esses dois pormenores para justificar a apresentação de um escritor. Afinal, José Craveirinha, nascido na antiga Lourenço Marques, hoje Maputo, foi o maior poeta africano de língua portuguesa e não são poucos aqueles que ainda acreditam que o dom da poesia seja transmitido por genes, embora essa afirmação contrarie tudo o que ensina a Antropologia.
A luso-africana Jezebela convive num ambiente híbrido, multi-étnico e religioso em Moçambique e, depois, em Portugal. No fim da vida, regressa à terra de origem, voltando para Maputo, para viver sozinha, depois de pagar “um preço muito grande pela sua libertação e emancipação feminina”. Já Vanderley, separado de Jezebela, recebe um convite para exercer psiquiatria clínica em Curitiba, onde conhece um novo amor, Alicia Mei Ling, moçambicana de origem chinesa, nascida em Lourenço Marques e crescida na Mafalala, refazendo-se, assim, o percurso da lusofonia. Atam-se, dessa maneira, os laços com os remanescentes do êxodo sino-moçambicano que se deu com a descolonização em 1975 e retomou um périplo que começou com a fuga de chineses para Hong Kong, depois da luta entre nacionalistas e os comunistas de Mao Tse Tung, passando por Macau e Moçambique, até chegar, por fim, às cidades brasileiras de São Paulo e Curitiba.

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