jueves, 13 de agosto de 2009

Capoeira no terreiro de mestre Waldemar

foto: Mestre Waldemar
Capoeira no terreiro de mestre Waldemar
Eunice Catunda
(São Paulo, 1915 — id. 1990)

Catunda, Eunice, Capoeira no Terreiro de Mestre Waldemar, Fundamentos—

Revista de Cultura Moderna, nº30, São Paulo, 1952, pp. 16–18


....Outra caraterística que ressalta na capoeira baiana é o fato de ambos os dançarinos, ou o grupo completo, pois às vezes há vários de dois a dois, atuarem com a mesma intensidade. Não é como a capoeira carioca, na qual um dos comparsas se matém imóvel, em atitude de defesa, enquanto só o outro ataca, dançando em volta do inimigo, assestando-lhe golpe sobre golpe[5]. Na capoeira de angola nenhum dos dois permanece parado. Pelo contrário, movimentam-se como fusos, como lançadeiras! E o espírito de alegria está sempre presente. Apesar da violência latente, não sobrevém a hostilidade. Há no meio daquilo tudo imensa fraternidade e júbilo. Verificam-se passes espirituosos de bailarinos brincalhões e sorridentes, a realizar difíceis e perigosíssimos passos e golpes. E entre os assistentes estouram sonoras risadas... Jamais vi, em danças de conjunto, nacionais ou estrangeiras, tão arrebatadora beleza, aliada a tal rapidez, precisão e fôrça reprimida, dominada por uma inteira disciplina e lucidez.


[5] A descrição da capoeira do Rio relembra a do batuque ou da pernada carioca por Edison Carneiro 1950, aliás outro autor aprovado pelo Partido... Edison Carneiro descreveu a capoeira bahiana em Negros Bantus em 1938. Mudou-se para o Rio no ano seguinte.

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