domingo, 16 de agosto de 2009

1878-Detención de Juca Reis (capoeira)

LIBRO:Histórias de presidentes: a República no Catete 1897-1960 Escrito por Isabel Lustosa
http://books.google.es/books?id=w6dLf7PNntIC&printsec=frontcover&source=gbs_v2_summary_r&cad=0#v=onepage&q=&f=false



Recorte libro:

Onosarquistas e patafísicos: a boemia literária no Rio de Janeiro fin-de-siècle‎ - Página 153de Diogo de Castro Oliveira - 2008 - 206 páginas
Entre os inúmeros brancos presos por capoeiragem estavam J. Elísio dos Reis, ... A casa da Tia Ciata, berço do samba e palco de várias formas de cultos ...


Carlos Eugénio Líbano Soares* Análise Social, vol. xxxi (142), 1997 (3.º), 685-713
Dos fadistas e galegos: os portugueses na capoeira
O fadista que é fadista
A jeito o ferro manobra
Metendo a mão aos arames
Dá facada como cobra1
.

...............................................Poucos meses antes já tinha havido um confronto entre o ministro das
Relações Exteriores, Quintino Bocaiúva, e o chefe da polícia por conta da prisão de um afamado capoeira, filho de um dos mais ricos representantes da colónia lusa no Rio, o conde de São Salvador de Matosinhos. Esse capoeira, José Elysio dos Reis, conhecido como Juca Reis, fora enviado a Fernando de Noronha em 1 de Maio, no rastro de uma crise que quase causara a primeira renúncia ministerial do governo provisório do general Deodoro da Fonseca. O ministro da Justiça, Manuel Ferraz de Campos Sales, entrou na questão e ordenou ao chefe da polícia que libertasse o português, mas que o mantivesse sob vigilância. O ministro das Relações Exteriores voltou a pressionar o seu companheiro da pasta da Justiça pela liberdade do imigrante luso.
O cônsul português enviou outro ofício a Quintino Bocaiúva reiterando o seu protesto.




..................
Em Março de 1878, afinal, José Elysio foi preso e levado para a Casa de Detenção para responder em processo por não ter pago a fiança no mesmo momento em que uma campanha policial de perseguição aos capoeiras ganhavas ruas. Em Janeiro de 1879 Juca Reis estava livre e envolvia-se em novas brigas. Desta vez o adversário era mais ilustre, o senador Gaspar de Silveira
Martins. Juca Reis vai tornar-se na década de 1880 um adversário rude de liberais e republicanos, até ser deportado por Sampaio Ferraz para Fernando de Noronha em Maio de 1890.
A história turbulenta de José Elysio dos Reis permite-nos abordar um dos ângulos mais curiosos da trajectória dos capoeiras no Rio de Pedro II: os «cordões elegantes»47, ou seja, os filhos das classes abastadas que fizeram fama no mundo da capoeira. José Elysio, mesmo tendo nascido no Rio, podia ser descrito como um «marialva» da Corte, como eram conhecidos em Portugal
os ricaços que frequentavam o bas fond.




..............O jornal Corsário de 2 de Setembro de 1882 chamava-lhe «flagelo social» e pedia ao pai que o enviasse para Portugal, onde poderia dar cabeçadas e navalhadas aos seus próprios patrícios...50
Várias personagens ilustres da viragem do século tiveram os seus tempos de capoeira. O próprio Sampaio Ferraz, inimigo declarado dos capoeiras, fora hábil praticante da capoeira, talvez uma forma de enfrentar os seus inumeráveis inimigos. Uma vez, no auge da repressão de 1890, por ele levada a cabo, Sampaio Ferraz teve uma discussão com Luís Murat, secretário geral do governador do estado do Rio de Janeiro, Francisco Portela. Luís Murat discordava dos métodos de Sampaio Ferraz na luta contra a capoeira, e os dois resolveram tratar as suas diferenças na base da rasteira e da cocada. O palco do duelo foi o Café Inglês e Murat levou a melhor,
jogando Sampaio de encontro a uma mesa de mármore. Talvez o motivo da contenda tenha sido a prisão de Pedro Murat Pilar,irmão de Luís Murat, que, apesar de ser republicano militante, fora detido como capoeira no dia 10 de Janeiro de 1890 51.





47 Os «cordões elegantes» eram descritos como «[...] capoeiras amadores [...] cuja especialidade
era promover conflitos e desordens nos teatros e casas de jogos e demais lugares
frequentados pela alta roda da Corte» (Revista do Arquivo Municipal, ano xvi, vol. cxxvi, São
Paulo, Julho-Agosto de 1949, p. 76).





50 O Corsário de 2-9-1882.
http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1221841940O8hRJ0ah8Vq04UO7.pdf

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