miércoles, 1 de julio de 2009

História da Educação Física no Brasil:




foto:
alumnos de la Escuela de Joinville-le-Pont:
“A Amorós, 1er creador del método francés de Educación Física. Con el reconocimiento de los de Joinville”. http://www.cafyd.com/REVISTA/art3n6a07.pdf
Enciclopedia moderna: diccionario universal de literatura, ciencias, artes ...‎ - Página 489de Francisco de Paula Mellado - 1855(Método Amorós)
6.a Luchar de varias maneras para desarrollar la fuerza muscular, la destreza del cuerpo, la resistencia á la fatiga, y triunfar de su contrario en los



História da Educação Física no Brasil:reflexões a partir do Colégio Pedro Segundo

Doutor em Educação pela UFMG
Professor da Universidade Federal de Juiz Fora
Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em
História da Educação Física e do Esporte (GEPHEFE)

Introdução
O Imperial Collegio de Pedro Segundo (CPII) foi fundado no Rio de Janeiro em 1837. O principal objetivo do governo brasileiro ao organizar o CPII foi oferecer aos filhos da boa sociedade imperial (Mattos, 1999) uma formação secundária abrangente e distintiva, própria à elite da época. A distinção pode ser avaliada pelo título conferido aos alunos que finalizavam o curso de estudos do Colégio, o de Bacharel em Letras, cuja posse garantia lugar em qualquer uma das Academias Superiores brasileiras. Já a abrangência da formação oferecida pelo chamado “Colégio da Corte” pode ser verificada se compararmos o conjunto de saberes por ele contemplado aos conhecimentos oferecidos pela maioria dos outros estabelecimentos secundários do país. A este respeito, Maria de Lourdes Mariotto Haidar (1972) chamou atenção para os saberes das “Belas Artes” - a música, o desenho e a ginástica - que figuravam nos planos de ensino do CPII e não eram oferecidos pela maior parte dos outros colégios brasileiros.
Neste trabalho refletimos sobre o processo de escolarização dos exercicios gymnasticos no CPII com vistas a contribuir para aspectos pouco explorados por nossa História da Educação Física, quais sejam, a materialização e o cotidiano deste saber nas escolas brasileiras oitocentistas.




..............Frederico Hoppe foi contratado e novamente a questão dos vencimentos marcados para o Mestre de Gymnastica seria motivo de discussões no CPII. Ele solicitou ao Ministro do Império um salário anual de oitocentos mil réis. Estabeleceu-se uma polêmica no Colégio. Hoppe não aceitava assumir o cargo se a ele fosse pago o salário marcado nos estatutos, ou seja, quatrocentos mil réis. O problema parece ter chegado ao Imperador Dom Pedro II que mandou fixar os vencimentos do Mestre de Gymnastica em quinhentos mil réis, valor igual aquele recebido pelos mestres de música e desenho. Hoppe entrou em exercício, mas não se deu por satisfeito e voltou a insistir nos oitocentos mil réis:
O supplicante entrando para o Collegio teve logo de ensinar a sessenta discipulos, e lhe foi declarado pelo Director que suas lições devião de ter lugar todos os dias, o que em verdade nunca foi mesmo previsto pelo supplicante [...] Este numero pois de discipulos logo ao principio, que o prepara para muito maior em pouco tempo, e a obrigação diaria fizerão com que o supplicante não pudesse sustentar sua sociedade d’armas, um dos recursos de que vivia, e que lhe não demandava grandes esforços. Alem disto ensinando o supplicante no colegio Colégio São Pedro de Alcântara.(donde estudió el Mariscal Floriano Peixoto-practicante de capoeira), onde não é obrigado senão a trez lições por semana, percebe por cada discipulo seis mil réis que calculado quando menos em dez alumnos tem o supplicante um quantitativo por mez superior ao que recebe do Collegio de Pedro 2º sem o grande trabalho deste, e a obrigação de todos os dias.6
O reclame de Hoppe revela que os valores oferecidos pelo CPII ao Mestre de Gymnastica não eram vantajosos em comparação à cifra que ele poderia receber nos colégios particulares, onde as lições de esgrima eram pagas à parte e aconteciam somente em três dias da semana. No CPII, o salário do mestre era fixo e Hoppe tinha que ministrar diariamente suas lições, o que o impedia de trabalhar em sua sociedade d’armas. Sem alcançar êxito nas reivindicações de aumento dos vencimentos ou de diminuição da carga de trabalho semanal, Frederico Hoppe deu prioridade ao ensino nos colégios particulares e à sua sociedade d’armas. O mestre passou a faltar às lições de gymnastica no Colégio da Corte e foi demitido. Para seu lugar, Joaquim Silva propôs a contratação do francês Bernardo Urbano de Bidegorry(ver nota abajo), indivíduo com excelentes recomendações. De acordo com o Reitor, sua capacidade era “abonada pelo Coronel Amorós, Director do Gymnasio Normal de Pariz, o qual, em hum attestado que li, o declara hum dos seus melhores discipulos”7. No entanto, dias depois, o mesmo Joaquim Silva desaprovava a entrada de Bidegorry no CPII:
Elle publicou hoje no Jornal do Commercio hum artigo em que se notão as seguintes palavras: - No Rio de Janeiro, onde a instrucção e o modo de ensino principia a desenvolver-se, hum só Collegio até hoje entendeu a utilidade dos exercicios gymnasticos para os meninos, he o Collegio de São Pedro de Alcantara, dirigido pelos In.s Prado e Paiva - Ora, como elle sabe muito bem (porque mais de uma vez lho disse eu) que pelo Collegio de Pedro Segundo principiou no Rio de Janeiro a introducção da Gymnastica, estou muito receoso de semelhante caracter; temo que seja entre os alumnos hum fermento de perversão, e por isso me parece prudente esperar por outro Mestre.8
Os dirigentes imperiais brasileiros esforçaram-se em construir uma imagem positiva e singular do CPII. A instituição deveria ser concebida no Brasil e no resto do mundo como um modelo do ensino secundário, fonte das principais iniciativas desenvolvidas em prol deste ramo da instrução no país. Na visão de Joaquim Silva, Urbano de Bidegorry havia cometido um ato grave, qual seja, o de refutar o caráter inovador do CPII no desenvolvimento da gymnastica em terras brasileiras.
......... Ao que tudo indica, Pedro Meyer, para além da esgrima, desenvolveu um trabalho mais abrangente no CPII. Neste sentido, é esclarecedor o relatório apresentado pelo Inspetor Geral da Instrução Pública do Município da Corte em 1859:
Durante o anno passado começou a funccionar com a possivel regularidade o gymnasio do internato. Com pequena despeza se acha provido de um portico regular com varios apparelhos supplementares que permittem a maior parte dos exercicios da gymnastica pratica de Napoleon Laisné, ensinados pelo alferes Pedro Guilherme Meyer (p.18).17
De acordo com o Inspetor, Pedro Meyer teria ministrado lições de exercicios gymnasticos inspiradas na ginástica do francês Napoleon Laisné. Este era discípulo do Coronel Francisco Amoros y Ondeano, a principal figura da ginástica francesa, falecido em 1848. Laisné tornou-se um dos principais continuadores da obra de Amoros, desenvolvendo seu trabalho na Escola de Joinville-le-Point(1852-Fundación en París de la Academia Joinville (Savate)), , local para o qual foi transferido, em 1852, o principal ginásio antes dirigido pelo Coronel Amoros (BAQUET, [199-]).
Segundo Carmen Lúcia Soares (1998), destacavam-se no método organizado por Amoros os exercícios da marcha, as corridas, os saltos, os flexionamentos de braços e pernas, os exercícios de equilíbrio, de força e de destreza, bem como a natação, a equitação, a esgrima, as lutas, os jogos e os exercícios em aparelhos, tais como as barras fixas e móveis, as paralelas, as escadas, as cordas, os espaldares, o cavalo e o trapézio. No CPII, atividades deste tipo foram implementadas por Pedro Meyer, mestre que introduziu na instituição os exercicios gymnasticos em aparelhos. Em 1876, para substituir aqueles adquiridos na época de construção do gymnasio e do portico gymnastico, Meyer solicitava ao Ministro do Império a compra de novos aparelhos:







nota: ....................Sinais de Incêndio
Algumas ordens que deveriam ser cumpridas pelo Corpo de Bombeiros vinham através da Polícia da Corte, como a efetivação do contrato feito entre a Secretaria de Polícia da Corte e o Instrutor-Geral do Corpo de Bombeiros, Bernardo Urbano de Bidegorry. O ofício enviado pelo então Chefe de Polícia da Corte, José Thomaz Nabuco de Araújo – futuro Ministro da Justiça – determinando diversas medidas referentes aos sinais de incêndio.


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