jueves, 16 de abril de 2009

'Nas Solidões Vastas e Assustadoras'-

Nota del pesquisador: a chegada ao Rio dos minas-nagôs vindos da Bahia, o que ocasionou profundas mudanças políticas e culturais naquela que era a mais importante tradição rebelde dos escravos urbanos do Rio de Janeiro Imperial. .......continúa.....http://saladepesquisacapoeira.blogspot.com/2009/04/danca-rebelde-da-escravatura.html

'Nas Solidões Vastas e Assustadoras'- Os pobres do açúcar e a conquista do sertão de Pernambuco nos séculos XVII e XVIII. Kalina Vanderlei Paiva da Silva
..............Essa dualidade, onde os negros livres assimilam valores dominantes ao mesmo tempo em que cultivam valores e traços culturais de origem africana, caracteriza o surgimento de uma cultura original, um barroco açucareiro com matizes bantus e iorubas, cujo melhor exemplo está na Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos do Recife e na Organização do Rei do Congo. Mas, se isso pode ser afirmado sobre as irmandades, fica ainda a questão se teriam também as milícias de cor uma função de manutenção de traços culturais africanos. Do ponto de vista das milícias de pardos a resposta parece ser não. Os indícios apontam para o desapego entre pardos e negros, para a rejeição das origens africanas pelos pardos e pela busca do parentesco com os brancos. A resposta para os henriques é menos simples, mas o discurso de um cronista das guerras holandesas fornece elementos para reflexão: Diogo Lopes de Santiago, narrando as contendas entre os soldados da tropa sob o comando de Henrique Dias, estacionados na entrada da Cidade Maurícia, e os defensores da mesma, a partir de 1645, faz a seguinte descrição:

“E eram tão quotidianas as pendências que tanto que os holandeses saíam a buscar cajus e outras frutas do mato, os negros minas logo lhes caíam de improviso e com as vidas lhas faziam largar, e eram tão bárbaros estes minas, que não lhes queriam dar quartel, mas antes cortavam as cabeças aos que matavam e vinham com instrumentos bélicos a seu modo e ao de sua terra com buzinas e atabaques, fazendo muita festa, dizendo que aqueles os foram cativar às suas terras, sendo eles forros, e feitas suas cerimônias, traziam as cabeças pelas portas dos moradores, donde se não iam sem lhes darem alguma coisa; custou aos nossos muito o acabarem com estes minas, que não cortassem as cabeças aos que matavam e muito mais custou o acabarem com eles, que 312dessem quartel aos que aprisionavam.”

Essa descrição aponta para uma permanência de costumes bélicos africanos nos homens oriundos da Costa do Ouro, chamamos genericamente minas por terem sido vendidos no porto africano de São Jorge de Mina. Esse discurso, no entanto, é contemporâneo da formação da tropa, quando os escravos ainda eram aceitos.
http://www1.capes.gov.br/teses/pt/2003_dout_ufpe_kalina_vanderlei_paiva_da_silva.pdf

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