domingo, 22 de febrero de 2009

Sociabilidades políticas na América portuguesa: Henriques e Pardos sob o governo barroco e na era das Luzes

PINTURA:
Retrato de Henrique Dias, de autor anônimo, acervo do Museu do Estado de Pernambuco

Sociabilidades políticas na América portuguesa: Henriques e Pardos sob o governo barroco
e na era das Luzes
(1750-1831)
................escreveu Henrique Dias acerca de sua tropa aos flamengos, numa carta de 1648: “De quatro nações se compõe este regimento: Minas, Ardas, Angolas e Crioulos; estes são tão malcriados que não temem nem devem; os Minas tão bravos que onde não podem chegar com o braço, chegam com o nome; os Ardas tão fogosos, que tudo querem cortar de um só golpe; e os Angolas tão robustos, que nenhum trabalho os cansa”. (Costa 1983: IV, 229).Em janeiro de 1646, ao início da guerra de
restauração, Dias comandou um batalhão de soldados negros com a ajuda do Capitão dos pretos “Minas”, Antônio Mina. Este participou da batalha, conforme um relato contemporâneo, “com seus soldados, os mais dos quais haviam sido escravos do governador João Fernandes Vieira, e lhes havia dado alforria, porque o ajudaram com muito esforço na batalha do monte das Tabocas” (Costa 1882: 414). Vê-se, pois, que não existia qualquer princípio de exclusão de africanos ocidentais quando tais corpos foram criados. Ao contrário, estes apareciam no momento da guerra como sujeitos absolutamente necessários aos esforços coloniais da restauração. Na verdade, são questões ligadas ao cativeiro, ao tráfico de escravos e, sobretudo, às relações de poder entre os homens de cor, forjadas na experiência do Novo Mundo, que explicam o surgimento de aspectos constitutivos da norma crioula. 7

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