viernes, 13 de febrero de 2009

Conquista do sertão de Pernambuco


A reação dos colonos aos degredados pode ser medida pelo caso de Pernambuco, cujo donatário DuarteCoelho rejeita-os abertamente em um discurso bastante significativo da visão estamental doperíodo: considera os degredados gente improdutiva, fadada à vadiagem, e que “nenhum fruto nem bem fazem na terra, mas muito mal e dano e, por sua causa, se fazem cada dia males e temos perdido o crédito que até aqui tínhamos com os indígenas. (...) não são para nenhum trabalho, vem pobres e nus e não podem deixar de usar de suas manhas (...)”.137
QUADRO 13 – Ofícios Mecânicos Mencionados nos Autos Inquisitoriais de
Pernambuco, 1593-1595141:(ver cuadro en el documento)
Ofício Total de incidência profissional entre os depoentes
Homens Brasileiros (mazombos)
Homens Portugues es (reinóis)
Homens Cristãos Novos
Homens Pardos
Mulhere s
PRIMEIRA Visitação do Santo Ofício às Partes do Brasil; Denunciações e Confissões de Pernambuco
1593-1595. Recife: FUNDARPE. 1984. 142
142 Nos autos ainda são nomeados senhores de engenho, funcionários públicos, pessoas que vivem de soldada, escravos, moradores em casa de terceiros. Muitos dos pardos/pretos são também reinóis. Havendo também a incidência de brancos florentinos, alemães, espanhóis, flamengos e franceses. Dos 3 escravos vistos, todos sãomamelucos e 2 são mulheres. Surgindo também pretos forros, de São Tomé.

E essa escolha pela vadiagem não é feita apenas pelos libertos que querem, assim,distinguir-se dos escravos; também é feita pelos migrantes portugueses, oficiais mecânicos reinóis, lá sofrendo a discriminação barroca ao trabalho manual, que ao serem inseridos em um meio onde o trabalho está dominado pela escravidão, optam pela vadiagem.
Luís dos Santos Vilhena registra esse fenômeno em Salvador do fim do XVIII, onde homens vindos de Portugal para servir como criados no Brasil, aqui abandonam essa atividade ‘exclusiva de negros’, achando que teriam ‘por melhor sorte o ser vadio, o andar morrendo de fome, o vir parar em soldado e às vezes em ladrão’.228

..........Dentro dessa política de transformar o vadio em elemento produtivo para o Estado,podemos encontrar diversas práticas da administração metropolitana e colonial. É o caso,por exemplo, de uma consulta de 1635, onde o Conselho Ultramarino discute a petição de um capitão de infantaria da região do Lamego no Reino, em que este pede autorização para recrutar todos os vadios de sua jurisdição, enviando-os na armada que então estava de partida para combater a companhia holandesa de comércio em Pernambuco.
http://www1.capes.gov.br/teses/pt/2003_dout_ufpe_kalina_vanderlei_paiva_da_silva.pdf

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