martes, 2 de diciembre de 2008

Os oficiais do exército de D. João V


..................«os oficiais destas tropas eram criados, ou escudeiros dos coronéis, continuando nos seus empregos domésticos, servindo os seus amos à mesa e montando na retaguarda das carruagens nos dias em que não estavam de guarda! É este, sem exagero, o retrato inimaginável do antigo militar português, antes da guerra de 1762, e a vinda do conde de Lippe para este país, que lhe mudou a face.»(pág. 102)
Como se vê é uma descrição muito mais completa, (mais romanceada ?), do que a de 1730 / 1758. Mas não necessariamente verdadeira como veremos ! O que é mais interessante é o que o autor diz mais abaixo quando escreve que
«todos os postos subalternos estão preenchidos por pequenos burgueses (sublinhados meus) e por homens do nascimento mais medíocre; o ódio deles contra os estrangeiros, fundado em que estes tem o dobro do soldo, impede-os de comunicar com eles» (pág.107).
Em que afirmação acreditar - nos criados, ou nos nascidos mediocremente -, nas duas ou em nenhuma !? A resposta é-nos dada pelo próprio autor, na segunda edição da obra, quando retira qualquer importância à existência de criados nos regimentos. O mesmo, acontecia em França, como afirma na página 112. Na verdade, acontecia em todo o lado, porque ser criado não implicava ser um doméstico. Criado era alguém protegido por um aristocrata, podia ser mesmo alguém aparentado ao chefe da casa; o doméstico era alguém de condição servil. Mas Dumouriez não revê a sua posição sobre o caso dos oficiais de nascimento medíocre. É que este era um problema teórico sobre o qual nenhum nobre de quatro costados se atreveria a rever a sua posição. Para os aristocratas da época, os homens de nascimento medíocre não tinham as qualidades necessárias ao comando de tropas. Não tinham possibilidade de dar bons exemplos. Eram mal nascidos e por isso mal educados, e isso queria dizer tudo. Não tinham nem «qualidades», nem «merecimentos».

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