MARINHEIROS, PORTOS E SOCIABILIDADES: O BRASIL E A ASCENSÃO DO ATLÂNTICO SUL (1780-1850).1
José Carlos Barreiro.2
Congresso Internacional da Brasa, 2006
A cidade do Recife é uma das que testemunhou preocupações das elites políticas e econômicas com a modernização de seu porto. Alguns governantes expunham a necessidade de que nos principais portos de sua província22 houvesse uma boa alfândega para se evitarem os furtos e descaminhos de mercadorias, e se intensificarem a vigilância e repressão à força de trabalho dos portos e dos navios. Havia uma grande preocupação com os marinheiros que fugiam de qualquer controle lançando-se ao mar, nadando para os navios que ancoravam perto da terra, passando de um para outro, escondendo-se e encontrando-se com outros marinheiros. 23 Para "conter em subordinação e obediência os marinheiros" e controlar navios nacionais e estrangeiros, o governador daquela província contou com o trabalho de vigilância e repressão de uma fragata de guerra e com a instalação de telégrafos e sentinelas por toda a costa.24
O problema de escassez de marinheiros e de disciplina de trabalho atingia generalizadamente a marinha mercante e a militar. Aliás, por volta de 1700 o trabalho marítimo havia sido inteiramente standartizado. Marinheiros circulavam de navios para navios, mesmo de navios mercantes para navios reais, para navios de pirataria ou guerra, necessitando para todos eles executar basicamente as mesmas tarefas, que requeriam as mesmas habilidades. 30 A Marinha militar brasileira, tendo desde o início a percepção da intensidade do problema referente à formação e disciplinarização da mão-de-obra marítima, reconheceu o papel que tinha a desempenhar nesta questão.
Além disso, novas leis teriam que ser criadas, para que eles mantivessem a mais estrita e rigorosa disciplina no navio e conservassem a tensa cadeia de subordinação que deveria se estabelecer desde o mais graduado oficial até o simples grumete. Discutiu-se então (sobretudo a partir do grande levante de marinheiros ocorrido na Ilha das Cobras no Rio de Janeiro em 1831) a elaboração de um novo Regimento, a regulamentação dos Corpos da Armada e da Artilharia e dos Serviços de bordo dos navios da Marinha.
Entre 1828 e 1833 foram apresentadas pelos Ministros da Marinha, sugestões de mandar certo número de jovens oficiais brasileiros para servirem como voluntários em França e na Inglaterra à custa do Estado. Caberia também a eles inteirarem-se das novidades tecnológicas e pesquisarem a estrutura e o funcionamento da Força Naval dessas nações, apresentando os resultados por escrito para a Marinha brasileira 35. Esta prática teve continuidade, tendo sido enviados vários Segundos Tenentes para navios norte americanos e ingleses, por volta de meados do século XIX. Os Ministros avaliavam positivamente os resultados desse tipo de treinamento, bem como o material trazido pelos oficiais para ser aproveitado na organização da marinha brasileira 3
Em meados do século um Comandante Geral da Marinha do Rio, ao solicitar a criação de mais uma Companhia de Aprendizes Marinheiros apresenta bons resultados ao Ministro da Marinha, quanto à transformação de meninos abandonados em bons marinheiros 47.
Por volta de 1850, inicia-se uma outra fase da Marinha, caracterizada pelo surgimento do navio a vapor. Trata-se, então, de um momento propício para marcar o fim de uma periodização histórica, uma vez que o processo de inovação tecnológica transforma a dinâmica da organização do processo de trabalho no navio e influi na organização do processo disciplinar do marinheiro.
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