O General Thierry, Conde de Hogendorp, holandês, nascido em Roterdã em 1761. Começou a carreira militar com 17 anos, na guerra da Sucessão da Baviera, combateu na guerra da Independência dos Estados Unidos e numa expedição às Índias, tendo sido várias vezes perseguido por suas idéias liberais. Foi governador das Índias Neerlandesas e Embaixador de sua pátria na corte de São Petersburgo. Quando Napoleão deu a coroa da Holanda a seu irmão Luís, o
Conde de Hogendorp serviu-o como ministro da Guerra e embaixador em Viena, Berlim e Madri. Depois da anexação da Holanda ao Império Francês, Napoleão fê-lo general-de-divisão e o encarregou da defesa de Hamburgo, após a campanha da Rússia, quando governara a Prússia Oriental e a Silésia. Publicou um livro de memórias em 1814. Bateu-se como ajudante-de-campo do Imperador até o último momento, em Waterloo. Seu irmão, Gilberto Carlos von Hogendorp, comerciante, estadista e militar, defensor entusiasta do constitucionalismo, foi a alma da independência da Holanda em 1813 e exerceu o cargo de Ministro de Estado.
Napoleão não esqueceu o general Hogendorp, em Santa Helena. No parágrafo 6º do Codicilo escrito a 24 de abril de 1821 e reunido ao Testamento datado de 15 do mesmo mês e ano, em Longwood, o Imperador exilado decl ara:“Au Genéral Hogendorp, hollandais, refugié au Brésil, 100.000 francs.” E recomenda a execução de su as últimas disposições a seu filho Eugênio Napoleão de Beauharnais, antigo Vice-Rei da Itália. Napoleão expirou às 11 horas do dia 5 de maio de 1821, onze dias após ter feito o legado a Hogendorp.
Refugiado no Rio de Janeiro, o General Hogendorp cultivou a amizade do conde da Barca e do príncipe D. Pedro. A rainha Carlota Joaquina acusava-o de ter sido uma das péssimas companhias do filho, o futuro Imperador do Brasil. O barão de Neven, parente e representante diplomático de Metternich, considerava-o um dos perigosos portadores dos princípios revolucionários. Vivia, contudo, pobremente no sítio Nova Sion, que fundara nas faldas do Corcovado, na atual ladeira do Ascurra, hoje propriedade do governo brasileiro. Era ali o chamado Morro do Inglês, residência de Guilherme Young. Maria Graham visitou-o no dia de Ano-Bom, de 1822. Vendia vinho de caju e licor de grumixama, que fabricava.
Seu quarto de dormir era pintado de preto com esqueletos. Seu sítio era vizinho do de Chamberlain. Lenthold, que o viu, lembrava-se de tê-lo conhecido como governador da Prússia Oriental em Koenigsberg. Faleceu de repen te, ignorando o testamento de Napoleão. Ao vestirem o corpo, verificaram que era todo tatuado. D. Pedro I mandou fazer-lhe o enterro
no cemitério protestante da Gamboa. Em 1829, quando foi publicado este livro, havia na sua plantação 20 mil cafeeiros.
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/sf000060.pdf
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