grabado:Venta a Reziffé. (c1830s). http://digitalgallery.nypl.org/nypldigital/dgkeysearchresult.cfm?num=120&word=Astley%2C%20Thomas&s=3¬word=&d=&c=&f=4&k
Os dados relativos ao porto do Recife não sugerem uma amplitude da mortalidade durante a travessia tão elástica quanto para o Rio de Janeiro e Salvador, embora confirmem a tendência. Por exemplo, diferentemente da barca Elisa, que em 1830, proveniente de Lourenço Marques(Mozambique), perdera 41 escravos no mar e adentrara Pernambuco com 575 cativos a bordo,33 o brigue Leão, pertencente a José Inácio Xavier, veio de Luanda em fins de 1829 com 310 escravos a bordo – perdera apenas três na travessia.34(pag106).
http://www.afroasia.ufba.br/pdf/31_3_aspectos.PDF
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Identidade e comunidade escrava: um ensaio
Sheila de Castro Faria
Professora Titular de História do Brasil e do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense. E-mail: sheilasiqueira@cruiser.com.br
Sheila de Castro Faria
Professora Titular de História do Brasil e do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense. E-mail: sheilasiqueira@cruiser.com.br
..........Certamente que as rivalidades étnicas originadas na África foram importantes para as escolhas dos modos de vida dos escravos e para a constituição, aqui no Brasil, de solidariedades ou dissensões entre si. Os casos citados por estes e por outros autores comprovam as rivalidades. O mais famoso e significativo, pois envolve um grupo expressivo de cativos, é, sem dúvida, a carta enviada por escravos fugidos do engenho Santana, em 1789, na Bahia.12 O grupo de mais de cinqüenta pessoas era liderado pelo escravo crioulo Gregório Luiz. Aceitaram voltar ao trabalho sob algumas condições, entre elas,
Não nos há de obrigar a fazer camboas,13 nem a mariscar, e quando quiser fazer camboas e mariscar mande os seus pretos minas. Para o seu sustento tenhalancha de pescaria ou canoas de alto, e quando quiser comer mariscos mande os seus pretos minas.14
Esta citação é considerada por muitos prova cabal de que havia uma rivalidade intrínseca entre crioulos e africanos. Mas há, realmente, outros indícios. Escravos crioulos do engenho do Tanque, no Recôncavo Baiano, em 1828, lutaram ao lado dos senhores contra uma revolta de africanos.15 O levante dos malês, explorado por João José Reis,16 é considerado exemplo basilar. Desde o final do século XVIII, a Bahia recebeu grande contingente de escravos, vindos da região do golfo de Benin, sudoeste da atual Nigéria, composto por variados povos, resultado das lutas étnicas e políticas relacionadas com a expansão do islã na região. Para Reis, foi a presença de africanos de origens étnicas comuns que permitiu a formação de uma cultura escrava mais independente e que gerou grande número de revoltas na primeira metade do século XIX, a dos malês, já referida, a mais importante, ocorrida em 1835.
Para o autor, os senhores, na Bahia, tiveram sucesso ao cooptar os crioulos para enfrentar os africanos, já que eles estariam entre dois fogos: de um lado, tinham consciência de que a vitória dos africanos não representaria o mesmo para eles; de outro, estavam por demais familiarizados com a vida que tinham, sob o domínio dos senhores, para arriscar a se colocarem sob as ordens de africanos. Esta argumentação tem sentido, quando o autor constata a quase ausência de crioulos entre os participantes das revoltas baianas. Apesar de, na literatura sobre revoltas escravas na América, ter-se demonstrado que foram escravos crioulos os principais rebeldes e líderes de rebeliões em outras áreas coloniais,17 na Bahia eles estavam sistematicamente ausentes.
João Reis sugere que isto se devia ao fato da expressiva presença numérica dos africanos na cidade de Salvador, Bahia, onde 63% dos escravos eram nascidos na África e, na população livre e escrava, como um todo, representavam 33%. E conclui que a presença de muitos africanos inibia politicamente os crioulos e os persuadia a comprometerem-se com as classes livres ou senhoriais.18 Teria sido a rivalidade entre crioulos e africanos que comprometeu a rebelião baiana.
Não nos há de obrigar a fazer camboas,13 nem a mariscar, e quando quiser fazer camboas e mariscar mande os seus pretos minas. Para o seu sustento tenhalancha de pescaria ou canoas de alto, e quando quiser comer mariscos mande os seus pretos minas.14
Esta citação é considerada por muitos prova cabal de que havia uma rivalidade intrínseca entre crioulos e africanos. Mas há, realmente, outros indícios. Escravos crioulos do engenho do Tanque, no Recôncavo Baiano, em 1828, lutaram ao lado dos senhores contra uma revolta de africanos.15 O levante dos malês, explorado por João José Reis,16 é considerado exemplo basilar. Desde o final do século XVIII, a Bahia recebeu grande contingente de escravos, vindos da região do golfo de Benin, sudoeste da atual Nigéria, composto por variados povos, resultado das lutas étnicas e políticas relacionadas com a expansão do islã na região. Para Reis, foi a presença de africanos de origens étnicas comuns que permitiu a formação de uma cultura escrava mais independente e que gerou grande número de revoltas na primeira metade do século XIX, a dos malês, já referida, a mais importante, ocorrida em 1835.
Para o autor, os senhores, na Bahia, tiveram sucesso ao cooptar os crioulos para enfrentar os africanos, já que eles estariam entre dois fogos: de um lado, tinham consciência de que a vitória dos africanos não representaria o mesmo para eles; de outro, estavam por demais familiarizados com a vida que tinham, sob o domínio dos senhores, para arriscar a se colocarem sob as ordens de africanos. Esta argumentação tem sentido, quando o autor constata a quase ausência de crioulos entre os participantes das revoltas baianas. Apesar de, na literatura sobre revoltas escravas na América, ter-se demonstrado que foram escravos crioulos os principais rebeldes e líderes de rebeliões em outras áreas coloniais,17 na Bahia eles estavam sistematicamente ausentes.
João Reis sugere que isto se devia ao fato da expressiva presença numérica dos africanos na cidade de Salvador, Bahia, onde 63% dos escravos eram nascidos na África e, na população livre e escrava, como um todo, representavam 33%. E conclui que a presença de muitos africanos inibia politicamente os crioulos e os persuadia a comprometerem-se com as classes livres ou senhoriais.18 Teria sido a rivalidade entre crioulos e africanos que comprometeu a rebelião baiana.
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