jueves, 20 de noviembre de 2008

Africanidades-Aculturaciones en Africa Oriental-Canal de Mozambique

A navegação no Oceano índico parece ter apresentado aos primeiros navegadores menos problemas do que a navegação no Atlântico. Como já se referiu, o sistema de ventos de monção da zona norte do Oceano índico foi um importante factor dado que sopravam constantemente em direcção à costa africana durante os meses de Inverno e em direcção à índia e à península arábica durante o Verão. Foi, portanto, possível desenvolver o comércio regular transoceânico para e da África oriental muito antes e com barcos mais simples do que aconteceu no litoral atlântico
O que deve ter acontecido é que os primeiros comerciantes árabes da costa somali que comerciavam especiarias, incenso, marfim, escravos e ouro com o interior, devem ter começado a explorar a zona com a ajuda dos ventos da monção para ver se podiam encontrar a sul mais fornecimentos desses produtos tão desejados. Marfim e escravos foram sem dúvida obtidos no litoral sul, e aumentou a sua procura nas regiões desenvolvidas desde o Egipto até à índia, graças aos seus laços comerciais com o Mediterrâneo e a Ásia. Sabe-se por exemplo que os escravos Zanj eram empregues em minas de sal próximas de Basra já no século IX, enquanto o marfim africano era esculpido mais facilmente do que o asiático, pelo que era procurado em zonas tão longínquas como a Europa ocidental e a China. AI-Idrisi, na sua descrição da costa (escrita em 1154, mas baseada talvez numa outra fonte mais antiga), afirma que fora descoberto na proximidade de Melinde um depósito de ferro de alto teor, e que se revelara rentável trabalhá-lo com vista à exportação para a índia. Mas entre a data da informação de Idrisi e a de Abufelda, que escreveu no início do século XIV, foi feita uma descoberta muito mais importante: a de que era possível obter ouro por troca no litoral, no limite sul da navegação pelas monções. Deve ter sido essa descoberta que provocou a migração dos Shirazis, e levou Quíloa a suplantar Mogadishio, no sul da Somália, como centro comercial mais importante, embora ao tempo da visita de Ibn Battuta em 1331, Mogadishio fosse ainda aparentemente a cidade maior e a mais desenvolvida no seu aspecto cultural. O ouro que se podia obter no litoral das monções mais a sul, vinha do território actualmente chamado Zimbabué, e em breve os mercadores árabes ou suaílis começaram a explorar as rotas comerciais em direcção a esse território. A primeira delas dirigia-se talvez para sudoeste a partir de Quíloa e da costa próxima a sul, seguindo a linha dos vales de rios como o Rovuma, que corria do planalto que ficava no extremo sul do Lago Malavi. Por eles teriam vindo os comerciantes até ao Vale do Zambeze e às numerosas vias de acesso à estepe do Zimbabué onde era explorado o ouro. A descoberta do Zambeze, no entanto, deve ter revelado que, apesar da irregularidade dos ventos da monção no Canal de Moçambique, seria mais fácil alcançar o Zimbabué a partir dos portos de Quíloa no litoral mais meridional. Sofala tornou-se o porto principal, numa ilha junto da costa a meio caminho entre o delta do Zambeze e a foz do rio Sabi. Se a Crónica de Quíloa é digna de crédito, a cidade de Sofala deve ter sido fundada (ou apenas conquistada) a partir de Quíloa pouco tempo depois da migração dos Shirazis, isto é, por volta do fim do século XII. Pode deduzir-se facilmente desta extensão para sul do sistema comercial árabe na África oriental, que o ouro era então já explorado no território que veio a ser o Zimbabué. Isto é sem dúvida um facto. O Zimbabué do século XX tem sido na realidade um produtor considerável de ouro, e já se disse que «dificilmente se encontra uma mina actual...que não seja o local de um "trabalho antigo"» (Summers). Inicialmente, ao que parece, o ouro era muito abundante à superfície no planalto do Zimbabué, e existem inúmeros vestígios de antigas minas a uma profundidade que atinge os 30 metros. Não é fácil atribuir uma data às próprias minas, tanto mais que muitas delas sofre- ram interferências de mineiros ou prospectores modernos, mas o equilíbrio das provas culturais que lhes podem estar associadas sugere sem sombra de dúvida que o ouro era extraído no planalto do Zimbabué por volta do séc. XI. A dada altura, chegou-se a sugerir que as técnicas utilizadas nas primeiras minas de ouro do Zimbabué eram muito semelhantes às que outrora se usavam no sul da índia, e que as minas haviam sido abertas em resposta a uma iniciativa vinda do exterior. Os comerciantes do Oceano índico estariam, sem dúvida, interessados em novas fontes de ouro, tanto mais que cerca do séc. IV os recursos auríferos do sul da índia se estavam a esgotar.
http://afrologia.blogspot.com/2008/03/o-nordeste-e-frica-banto-04.html

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