Raul Bopp
Pesa em teu sangue a voz de ignoradas origens
As florestas guardaram na sombra o segredo da tua história
A tua primeira inscrição em baixo-relevo
Foi uma chicotada no lombo
Um dia
Um dia
Atiraram-te no bojo de um navio negreiro
E durante longas noites e noites
Vieste escutando o rugido do mar
Como um soluço no porão sotumo
O mar era um irmão da tua raça
Uma madrugada
O mar era um irmão da tua raça
Uma madrugada
Baixaram as velas do convés
Havia uma nesga de terra e um porto
Armazéns com depósitos de escravos
E a queixa dos teus irmãos amarrados em coleiras de ferro
Principiou aí a tua história
O restoa que ficou para trás
Principiou aí a tua história
O restoa que ficou para trás
O Congo as florestas e o marcontinuam a doer na corda do urucungo.
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