domingo, 16 de agosto de 2009

Lucha del Cadete Floriano Peixoto con Manduca da Praia.

DIBUJO:Gentileza A.L.Lacé.


Recorte libro: (pag 47)CRIME E COTIDIANO Escrito por BORIS FAUSTO . http://books.google.es/books?id=NxdMXfFrWLAC


Dos fadistas e galegos: os portugueses na capoeira
Carlos Eugénio Líbano Soares* Análise Social, vol. xxxi (142), 1997 (3.º), 685-713

............................Plácido de Abreu, ou Pompeo Steel, como gostava de ser conhecido, era um misto de capoeira, militante republicano e literato. Várias vezes tentou entrar no selecto mundo da academia literária, sem sucesso55. A sua outra obra, Nagôas e Guayamús, continua desaparecida. Apesar de republicano da primeira hora, desencantou-se quando o marechal Floriano Peixoto rasgou a Constituição de 1891. Aderiu à revolta da armada e foi assassinado em Fevereiro de 189456. Em Dezembro de 1861 o próprio Floriano, ainda cadete da Academia
Militar, enfrentara o lendário Manduca da Praia
e a sua malta e, segundo conta a tradição, batera-se com os navalhistas, usando golpes de habilidoso capoeira. Esta história retrata quanto a capoeira seria parte integrante das memórias de juventude para a geração que dominou a República na viragem do século:

Era uma noite quente e alguns colegas de Floriano saíram do Largo de São Francisco, onde era a Escola Militar, e dirigiram-se ao Largo da Carioca. Ali foram barrados pelos capoeiras sob a chefia de Manduca da Praia, chefe de malta de Santa Luzia. Tiveram de bater em retirada. Acabrunhadose tristes, reuniram-se no Largo. Aproximou-se deles o cadete Floriano, na sua farda da Escola Militar. Conversando com os colegas,soube do acontecido.
— Só isso senhores? Esperem um pouco que eu já venho.
Regressou vestindo um casaco velho e comprido. Na cabeça, um grande chapéu de abas largas. E uma bengala, que serviria de porrete. Apontouna direcção do Largo da Carioca:
— «Podem vir, rapazes!»O grupo seguiu até à Rua da Vala (actual Uruguaiana), onde estacaram:ali estava Manduca da Praia e os seus companheiros.
Floriano continuou em linha recta até chegar junto de Manduca. Frente a frente como lendário chefe de malta, disse:
— Com sua licença, meu senhor, nós vamos passar para o Largo da Carioca.
— Aqui ninguém passa — retrocou o capoeira, sorrindo, à espera do combate.
Imperturbável, Floriano aplicou uma rasteira em Manduca, enquanto gritava aos seus colegas:
— Podem passar, rapazes. Encorajados, os jovens saltaram sobre a malta e, enquanto o seu chefe permanecia fora de combate, deram um surra nos navalhistas. Pouco depois, amarrotados, e em alegre algazarra, chegavam ao Largo da Carioca. Entre os amigos do jovem Floriano que naquela noite deram cabo da malta de Santa Luzia estava Juca Paranhos, futuro barão do Rio Branco57
55 A Semana de 22-5-1886.
56 Coelho Netto, op. cit., p. 137, narra assim a morte de Plácido: «Morreu com a heroicidade de amouco, fuzilado no túnel da Copacabana, e só não dispersou a treda escolta, apesar de enfraquecido, como se achava, com os longos tratos na prizão, porque recebeu a descarga pelas costas, quando caminhava na treva, fiado na palavra de um oficial de nome Romano.»
57 Grandes Personagens da Nossa História, vol. i, p. 704.
http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1221841940O8hRJ0ah8Vq04UO7.pdf
NOTA:
Diferentemente dos atos amoucos em sociedades pré-modernas (a palavra "amok" provém da língua malaia), não se trata de acessos espontâneos de fúria ensandecida, mas sempre de ações longa e cuidadosamente planejadas. O sujeito burguês está determinado ainda pelo "autocontrole" estratégico e pela disciplina funcional até mesmo quando decai na loucura homicida. Os amoucos são robôs da concorrência capitalista que ficaram fora de controle: sujeitos da crise, eles desvelam o conceito de sujeito moderno, esclarecido, em todas as suas características.
*Robert Kurz é sociólogo e ensaísta alemão, autor de "Os Últimos Combates" (ed. Vozes) e "O Colapso da Modernização" (ed. Paz e Terra). Ele escreve mensalmente na seção "Autores", do Mais!.

1 comentario:

AEC dijo...

Na abordagem romanceada da revolta, publicada com título de Quatro
dias de rebelião, já no prefácio o escritor Joel Rufino dos Santos diz que a sua história “não foi completamente inventada . Manduca, Beiço de Prata, Lindinho , Galeguinho da Saúde – existiram de verdade” E desta forma ele descreve “comandante” Manduca, rapaz de 17 anos que trabalhava ajudando seu pai com magarefe em um açougue na Saúde: “não havia nada de especial em Manduca .Usava chapéu-palhinha de banda, como qualquer rapaz da Saúde” E nas descrições físicas arremata com mais detalhes: “ os lábios eram finos, os cabelos revoltos sobre a testa, o nariz muito afilado – Manduca lembrava um ratinho , temos de convir Parecia pronto a recolher migalhas em plena queda” ( SANTOS, 1980, op. cit., p 15)