martes, 28 de abril de 2009

India-Brasil

Pintura: A. L. Gonçalves da Cámara Coutinho. http://www.geneall.net/P/per_page.php?id=4084
António Coelho Guerreiro, um pernambucano, governou Timor-Leste de 1700 a 1704. Outro pernambucano, António de Albuquerque Coelho, foi no século XVIII governador de Macau e, em 1721, passou a governar Timor e Solor. António Coelho Guerreiro foi nomeado para Timor pelo 57º vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho (1638-1701 Bahía), empossado neste cargo em 1697. Câmara Coutinho foi capitão-general de Pernambuco e, por morte de Matias da Cunha, tomou posse do cargo de capitão–general do Brasil. Atribui-se a este capitão-general a introdução de culturas novas no território brasileiro como a canela e a pimenta da Índia, embora o coqueiro, a mangueira, a carambola e a árvore do fruta-pão já tivessem sido levados do Oriente para o Brasil pelos portugueses no século XVI e XVII. António Coelho Guerreiro, enquanto governador de Timor, devido á disputa com os Holandeses, tal como havia sido instituído no Brasil, atribuiu a patente de coronel a alguns reis e de coronela a algumas rainhas timorenses, instituição que permaneceu até 1975, à excepção da patente de coronela que, por determinação do governador Celestino da Silva, acabou em finais do século XIX com D. Margarida Ribeiro Pires, rainha de Cová, chefe dos reis rebeldes do Oeste e um dos principais personagens deste romance.


Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho (Portugal, 1638Bahia, 1702), foi um administrador colonial português no Brasil. Herdou a Capitania do Espírito Santo, que vendeu em 1674. Governador do Estado do Brasil de 1690 a 1694, introduziu novos cultivos, como o da canela e o da pimenta da Índia, além de ter combatido os quilombos.



TRADIÇÃO E INOVAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO
DAS ILHAS DE SOLOR E TIMOR: 1650-1750
por
Artur Teodoro de Matos
.................Como no século XVI acontecera no golfo de Bengala e nos mares da China, a quase ausência de autoridade portuguesa favorecia o estabelecimento de aventureiros. Os que se radicaram em Timor eram sobretudo topazes, termo cuja significação explicámos já. Os holandeses chamavam-lhes Zwarte Portugezen, "portugueses pretos", e os ingleses Black Portuguese. Os topazes agiam por sua conta e risco, quer se dedicassem ao trato comercial, quer à guerra, com hostes de apaniguados que armavam e mantinham; de começo estariam como mercenários ao serviço dos frades ou de potentados nativos, mas cedo começaram a tornar-se por seu turno em potentados locais, talhando para si domínios em que ditavam a lei e desenvolviam a sua própria política.
As mais célebres famílias de topazes são os Costas, vindos de Larantuca, nas Flores, e os Hornays, descendentes de um trânsfuga holandês convertido ao catolicismo, que desposou uma mulher timorense (que por seu turno ao enviuvar casou em segundas núpcias com um macaísta, mestiço de português e china). Ora aliadas ora rivais, ambas as famílias vieram a estabelecer-se no Oé-Cússi, desempenhando um papel importante na história de Timor. Parece que acordaram governar alternadamente o território, cruzando-se ao mesmo tempo entre si. No entanto a actual linhagem reinante de Oé-Cússi usa o sobrenome Costa.

.............. 1722 António de Albuquerque Coelho — um mestiço brasileiro, filho bastardo de um governador do Maranhão, que governara já Macau — inaugurou a sua governação expulsando da ilha o bispo. D. Frei Manuel de Santo António veio a falecer em 1734 sem ter regressado a Timor.
5. António Coelho Guerreiro lançou os fundamentos de uma organização que, apenas com ligeiros retoques, iria vigorar durante dois séculos, até ao governo de Celestino da Silva (1894-1908); alguns dos seus elementos, como a organização militar baseada nas companhias de moradores.

.................Coelho Guerreiro projectava organizar um efectivo militar de seiscentos e tal homens, compreendendo um corpo de 60 artilheiros. Como vimos já, em Goa só recebeu 50 homens a que em Macau pôde juntar ainda 32. Foi provavelmente essa dificuldade em recrutar fora da ilha tropas para Timor que o levou a empreender a sua obra mais original e mais duradoura: a militarização das estruturas tradicionais de Timor.

http://www.humanismolatino.online.pt/v1/pdf/C003-018.pdf

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