viernes, 16 de enero de 2009

Franceses no Nordeste de Brasil

Já em 1503, porém, os franceses haviam aportado no sul do futuro Brasil, estabelecendo contato comercial com os carijós.
De fato, até 1548, o litoral do território que viria a constituir o Brasil fora mais visitado por bretões e normandos do que por portugueses. Piratas de Rouen, Dieppe e Saint-Malo supriam a demanda de corante vermelho da indústria têxtil francesa com o pau-brasil retirado com o auxílio dos índios tamoios, potiguaras e kaetés, além dos carijós. Seu contato amistoso com os nativos propiciaria as sucessivas tentativas de tomada de posse da terra, com a formação da França Antártica (1510-1575), na Ilha de Serigipe, na Baía de Guanabara, em frente à atual cidade do Rio de Janeiro, e França Equinocial (1594-1615), na Ilha de São Luís, no Maranhão. Entre os colonizadores, estavam católicos e huguenotes, aos quais fora oferecida a liberdade religiosa. O território que se estende entre os atuais estados do Rio Grande do Norte e Santa Catarina16, ou seja, praticamente todo o litoral da América Portuguesa, encontrava-se em mãos estrangeiras (não portuguesas). Foi a primeira tentativa de estabelecimento de uma colônia francesa que levou D. João III a iniciar a colonização de suas possessões na América, enviando Martim Afonso de Souza. Não haveria, pois, mais razões para continuar procurando Hy Brasil. Em 1624, a ilha da bem-aventurança17 já se encontrava ocupada por exploradores, catequistas e escravos: donatários das capitanias hereditárias, governos gerais, bandeirantes (1600-1630), piratas franceses, normandos, bretões, ingleses e holandeses, aventureiros alemães, religiosos franciscanos (desde 1500), jesuítas (desde 1549), carmelitas (desde 1580), beneditinos (desde 1581), capuchinhos (desde 1584) e escravos da Guiné e da Angola (desde os anos quarenta do século XVI).
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(Não existe pecado abaixo do Equador). Este, repetido ao longo dos séculos, chega-nos, atualmente, como referência aos costumes lascivos dos índios e de seus supostos descendentes, nós, os brasileiros. Porém, a origem deste clichê se encontra na doutrina dos exploradores e em suas práticas. Tais exploradores – degredados e soldados e marinheiros desertores – viam a colônia como um paraíso exótico, onde podiam fazer tudo o que em Portugal seria punido ou era simplesmente impossível: capturar e escravizar nativos e se apossar de terras e mulheres, no local e quantidade que desejassem. Teriam eles sido o maior entrave para os jesuítas, pois, ao invés de levar a civilização ao Novo Mundo, teriam se comportado de modo mais selvagem que os próprios nativos.

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