viernes, 23 de enero de 2009

Escravidão urbana e o sistema prisional no Rio de Janeiro

Escravidão urbana e o sistema prisional no Rio de Janeiro
1790 – 1821
Para concluir a análise da historiografia da escravidão urbana temos as obras de Carlos Eugênio Líbano Soares que examina o fenômeno da capoeira nas ruas do Rio de Janeiro. 28 Essa mistura de dança e luta praticada pelos escravos e libertos estava articulada com a cultura urbana forjada pelas camadas populares e pelos trabalhadores marginalizados, dentre eles, emigrantes pobres portugueses e indivíduos vindos de diversas partes de dentro e de fora do Brasil.29 Segundo Carlos Eugênio, o Rio de Janeiro era uma cidade “coalhada de africanos, atravessada por libambos de negros acorrentados, presigangas flutuantes carregadas de condenados, pelourinhos espalhados nas praças, onde, por muito anos, os capoeiras sofreram o flagelo do açoite, do vergalho, cercados de quitandeiras e de negros de ganho, moradores de zungus”.30

O Arsenal de Marinha da Corte é considerado por Carlos Eugênio o “centro nervoso” das relações atlânticas travadas a partir do Rio de Janeiro com outras possessões portuguesas e estrangeiras além mar. Até por volta de 1835, o Arsenal é o maior complexo prisional da cidade. A partir de 1824, a pena de açoites, destinada aos escravos presos na prática de capoeira, é substituída pela pena de três meses de trabalhos forçados na construção do dique que serviria para a manutenção de embarcações no complexo militar.
Neste complexo se juntavam escravos presos por capoeira, homens livres pobres cumprindo penas por vadiagem enviados para a realização de diversos serviços, qualificados ou não. O trabalho no Arsenal estava dividido em cinco grupos: Presiganga e Dique, onde os detentos trabalhavam nas tarefas mais pesadas; encarregados de cozinha, compra de mantimentos, faxina e limpeza, serviços geralmente realizados por mulheres; prisioneiros que trabalhavam em outras obras da Ilha das Cobras ou na fabricação de carvão; as oficinas, cujo o trabalho era especializado e nos escaleres, ocupados em ligar a ilha com o continente ou com navios na Baía de Guanabara. Como podemos ver, nesse complexo militar e prisional todas as ocupações ficavam a cargo dos detentos, fossem eles livres ou escravos.

http://209.85.129.132/search?q=cache:zjk5J3dUBt8J:www1.capes.gov.br/teses/pt/2004_mest_ufrj_carlos_eduardo_moreira_de_araujo.PDF+pris%C3%A3o+do+Aljube+capoeira&hl=es&ct=clnk&cd=7

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